Sabe-se, a História registra, que a 'classe' capitalista teve origem na fase preliminar do próprio capitalismo, quando o mercantilismo foi subjugado pelo comércio. Todavia, ainda hoje, o surgimento de novos integrantes dessa mesma 'classe' constitui-se em processo de continuidade. Assim, como no capitalismo desenvolveu-se o 'setor tecnológico' -com o maquinário, os fertilizantes, as sementes selecionadas, agrotóxicos- a fim de maior acréscimo à produção de alimentos nas fazendas desse modelo econômico; este arsenal de técnicas e tecnologias igualmente está no mercado à disposição de alguns camponeses que, por meio do trabalho familiar, podem também aumentar a sua produção, até mesmo sem necessitar de aquisição de mais terra. A família camponesa nesses moldes poderá produzir muito além do indispensável à sua sobrevivência, acumulando, então, dinheiro. Esse novo capital, via de consequência, será destinado ou aumento de suas glebas ou para contratar trabalhadores assalariados. Em isso ocorrendo, os membros da família deixarão, obviamente, de trabalhar na produção, dedicando-se tão-somente à administração e comercialização do que se produz. Tornam-se, com efeito, capitalistas também. Porque, afinal, é regra incontestável: capitalistas são todos os que, detendo capital, empregam-no na produção, através de mão-de-obra assalariada. No caso específico da agricultura, não é diferente. E dessa maneira o que se constata é a mesma relação de trabalho e produção baseada na exploração alheia.Observar e entender esta outra desigualdade é fundamental à compreensão do processo contraditório de desenvolvimento do capitalismo em geral, sempre a gerar diferenças tanto sociais quanto territoriais. O que equivale a dizer: para se entender como se dá a distribuição social e/ou territorial das desigualdades e contradições do 'desenvolvimento' capitalista, deve-se notar que elas estão ligadas aos processos históricos específicos a cada país ou nação; ou seja, cada formação econômico-social concreta revela em seu interior, na sua essência, este mesmo processo desigual e contraditório, no espaço e no tempo.
(Caos Markus)
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