'Proibida para maiores', a arte do 'vale tudo' não tem autoria apócrifa: sua autenticidade encontra-se na mentalidade espartana a nortear ainda hoje 'centuriões' adestrados para o genocídio. Com entrada franca apenas para 'menores', obviamente. Aprendizes de feiticeiro, movidos por 'complexo de Midas', encenamos a alquimia da vida eterna na terra, como reedição de 'faraós', 'czares' e 'césares' reinando sobre a própria incompetência e avareza. Cristãos ou não, judeus ou muçulmanos, invariavelmente iniciamos o 1º ato com a advertência: "O meu reino é esse mundo". E, ao cair o pano, acrescentamos: "Se a casa do pai tem várias moradas, essa é minha", sem dar conta de que a fantochada em cartaz reduz a títeres tão prosaicos 'artistas. A contemplação do mau caráter, em detrimento da força moral, já no século XIV era motivo de preocupação por parte de Giovanni Boccacio, um dos maiores nomes da literatura italiana, ao lado de Dante e Petrarca. Em o "Decamerão", escrito entre 1348 e 1353, obra que reflete a crise das concepções do mundo religioso, Boccacio, através de 'Elisa', uma das jovens refugiadas num local solitário para fugir à peste que assolava a Europa, critica esse asqueroso hábito, hoje tão em voga sob o manto (ou a mortalha?) da hipocrisia. (Marcus Moreira Machado)
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