Atualmente, o que mais estimado se faz, o mais honrado... o que é engrandecido com prêmios de alto valor, é exatamente aquele que diz mais palavras abomináveis, ou que pratica os atos mais vergonhosos. Isto é a grande, e digna de lástima, vergonha de nosso tempo; e constitui prova bastante convincente de que as virtudes, ao sumirem da terra que habitamos, abandonaram os míseros mortais na lama dos vícios".
Não por menos, quase um milênio antes, o grego Diógenes, filósofo bastante admirado pelo Imperador Alexandre Magno, renunciando em extremo aos bens materiais o à ganância, de pronto respondeu ao monarca que lhe prometia dar qualquer coisa que desejasse: "Não me tires o que não me podes dar". Referia-se o maior vulto da Escola Cínica. Diógenes, à luz do sol, com a qual estava se aquecendo, uma vez que o imperador, à sua frente, fazia-lhe sombra.
Preocupação dos grandes gênios na história da civilização humana, infelizmente a reflexão não parece ser ocupação da maioria de nós, todos bastante distraídos com o entretenimento da dissimulação. Pretender dons divinos, fingindo onipotência, onipresença e onisciência que não possui, é demonstração da estereotipia reducionista do homem na face do planeta Terra; com a diferença de que há causas aparentes para a repetição indefinidamente prolongada das atitudes que o tornam protagonista do seu próprio malogro. A causa maior, sem dúvida, não é falta de conhecimento e sim a ausência de Deus.
Na apoteose da 'superioridade' da raça, a deificação do ser humano evitou a transcendência de fato, anterior a qualquer experiência, para garantir a supremacia do relativo.
Agora, findo mais um 'ato', intérprete e personagem se confundem no enredo trágico do seu destino, num show que - já estou certo - vai continuar, porque insistimos, ainda, na pobre vocação para uma alma mambembe, afastada da magnanimidade e voltada para o egotropismo.
Na coxia, alguém insiste que o show não pode parar. Ninguém o vê, mas todos o obedecem.
(Marcus Moreira Machado)
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