Se você não faz acontecer acontece com você. Então, cresça e apareça; não fique choramingando pelo poder miúdo e consagrando a máxima de que " a vingança do anão é pisar na sombra do gigante ". Mesmo que você não saiba, faça a hora e não espere lhe acontecer; o resto você aprende no caminho. Não seja Sancho Pança e nem Dom Quixote, procure ser o próprio Cervantes. Mas... Cautela! Não vá fazer como Narciso e condenar-se ao amor impossível, desprezando a todos, e descobrir muito mais tarde que a linda imagem era a sua própria, desfazendo-se em círculos quando você tentasse acariciá-la nas plácidas águas do lago.
Não haverá jamais soldados dispostos a lutarem ao seu lado se a causa não for justa. Pois, invente uma justa causa, qualquer uma, porque não vai fazer diferença a diferença de ideologia; o que importa é convencer o batalhão de que a nobreza dos ideais a ele pertence. Todo mundo quer muito mais ser nobre do que idealista, ainda que por nobreza se entenda o apoio emprestado ao líder. É mais ou menos assim: ser ascensorista no Othon Palace Hotel é ser peão cinco estrelas, e o resto não interessa e nem tem pressa.
Por isso tudo e mais um pouco, repita mil vezes o seu nome, como se fosse propaganda da Coca Cola ou da Bom Bril. Crie a sua marca, o seu logotipo. Diga sempre "nós", com a prudência de usá-la no plural majestático; o "nós" iremos construir isso e mais aquilo... o " nós " dividiremos tanto para tantos... Mas sempre esse " nós " que na verdade significa você e só você mesmo, dando a impressão de que você está com todo mundo, porém tendo a certeza de que todo mundo é que estará com você.
Complicado? Nem um pouco. Só requer disposição, garra, vontade de vencer, ou melhor, muita vontade de derrotar sem que ninguém se dê conta disso. É necessário apenas não 'ter medo de ser feliz', mesmo que isso custe a infelicidade alheia. Aliás, 'mesmo' não é a expressão mais correta nesse caso; seja feliz 'por isso mesmo', pela infelicidade dos outros, mas não a sua.
Não é difícil entender como proceder. Mais ou menos como pastor que para expulsar o demônio tem antes que evocá-lo (e pouco interessa se lúcifer exista ou não, importante é que alguém seja 'tomado' por ele para que possa, então, ser expulso, glorificando o 'exorcista'), você também deverá fazer com que outros e mais outros a- creditem em seus particulares poderes. Uma vez dependentes de você, uma legião de fanáticos o seguirão, todos bastantes felizes por isso. Entretanto, evoque, também um demónio qualquer e coloque-o na cabeça (ou na falta de cabeça, seria mais apropriado) dos tementes. Não venha com historinhas pacifistas, que essas duram pouco. Pinte um quadro de horror, de holocausto, de miséria e aniquilação. Todos preferem ser salvos porque sabem que são vocacionados para a maldade e não para o bem. Assim, 'salve-os' antes que alguém queira convencer-lhe de que você é que está em perigo; se isso ocorrer... bláu, bláu, nunca mais; você acaba tornando-se um discípulo.
E não é isso o que você quer, não é mesmo? Você não quer ter sucesso na vida, triunfar? admita que é impossível a vitória sem o correspondente fracasso, motivo pelo qual alguém terá que ser o perdedor; então, que esse não seja você e sim o outro que você jurará defender pela convicção que possui na justiça, na fraternidade, etc., etc.
Acredite em você mesmo. Quer dizer, acredite na sua imensurável capacidade de mentir e achar que é esse mesmo o melhor procedimento que pode ter um homem honrado e promissor. Nunca caia na tentação de resignar-se com as usas próprias necessidades financeiras; resigne-se com a miséria ao seu redor, porque você não pode salvar o mundo dos outros, embora viva prometendo que o fará, mas não só pode como deve fazer de tudo para salvar o seu mundo, aquele que às duras penas de terceiros, conquistou para si.
E, aceite um bom conselho, se algum engraçadinho quiser se meter no seu caminho e dizer que vai lhe desmascarar, tire você mesmo a máscara que está usando e troque-a por uma outra. Com certeza essa sua atitude vai conseguir desmascarar muito antes aquele que - ingênuo - pretendeu o absurdo de ser o seu adversário. No fim de tudo, também ele perceberá o quão útil é ficar do seu lado, como seu braço direito.
Essa receita do sucesso, para falar a verdade, eu ainda não testei. Estou fazendo isso agora, com você. Pelo jeito deu certo, pois ingênuo, acreditando em fórmulas mágicas de como viver no paraíso, você prestou atenção tim-tim por tim-tim nesse amontoado de baboseira; afinal, você foi 'educado' e condicionado a crer em qualquer um, menos em você próprio. Não é assim?
Se não for dessa maneira, prove-me o contrário, demonstre que você é forte e que vai me desmascarar. Contudo, todo cuidado é pouco. Observe antes se eu já não troquei de máscara, senão eu é que tiro a sua, e você logo logo acaba sendo meu discípulo, ovacionando-me pelo discurso que eu não fiz e que jamais irei fazer, mas que você acha lindo e faz questão danada de aplaudir.
Vem, vem comigo! (Marcus Moreira Machado)
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