Para Sócrates ou Platão, pouco progresso advém da comunicação direta do 'conhecimento'. A ambos, o importante é a capacidade de pensar, criando-se mentes aptas a formar corretas conclusões, a encontrar, por si próprias, a verdade.
Na definição platônica, o homem "é o caçador da verdade", sendo importante, sim, a busca, mas não a posse do saber.
Pensadores modernos, igualmente, enaltecem a veracidade desse princípio. É o quanto se observa na assertiva de Jean Paul Richter: "Não é o fim, mas o movimento que nos faz feliz".
A ruptura desse primado é efeito do exagerado "realismo" notado na educação, com o progresso científico. De fato, o utilitarismo do conhecimento tem menosprezado a importância do 'auto-desenvolvimento' enquanto valor fundamental na aprendizagem. E nesse sentido, o papel da escola é, sem dúvida, o de cultivar virtudes intelectuais. Enfim, o quê é "disciplina", senão a antítese de "doutrina"? Por isso, o professor é o indivíduo que detém um corpo sistematizado de conhecimentos, ao passo que os alunos apropriam-se de parte dessa doutrina, a parcela mais condizente com as suas necessidades específicas.
Neste contexto é que, mesmo sendo a escola reflexo do meio social de origem, pode (e deve!) a sociedade ser reformada a partir da instituição educacional. Contudo, será exclusivamente a educação democrática a competente na viabilização dessa reforma, concretizando-a através do (re)conhecimento de habilidades (resultantes da prática inteligente e continuada) e por meio do conhecimento e da compreensão estimulados pela observação
no pensamento reflexivo.
Ocorre que em toda a história da educação há muito tem-se procurado atender o "aprendizado" de alguns, mas pouco se faz pelo "conhecimento" da maioria. E, pior, ainda assim, a escola tem se desviado de sua função precípua, a de suplementar outras instituições. Enquanto instituição intelectual, essa mesma escola deve considerar três aspectos do pensamento: o material, o espiritual e o humano. Afinal, adestrar não é educar.
Há que prevalecer a educação no entedimento da soma de experiência individual com experiência social.
Um país que faz uso apenas do conhecimento instrumental, em detrimento da efetiva 'formação', está quando muito preparando mão-de-obra, sem, contudo promover seu povo no exercício da cidadania.
Urge, pois, redefinir a acepção do termo 'intelectual', apropriando-se do seu amplo sentido, no propósito de fazer a escola assumir o seu papel de instituição intelectual, respeitando-se então a 'personalidade' forjada no desenvolvimento de atitudes e ideais adquiridos com a auto-educação.(Marcus Moreira Machado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário