Eu sou um crente por excelência. A minha fé cega não remove montanhas, mas, estou convencido disso, leva-me até elas.Sempre acreditei nos políticos; nunca, nem por um minuto, eu desabonei qualquer projeto governamental, por menor ou por maior que ele fosse. Afinal, num país tão grande, imenso, assim, de proporções continentais, é forçoso reconhecer, não há como fazer milagres. Não obstante, creio neles, muito embora eu não confunda patriotismo com fervor. Este último, é ele o meu guia; movido por ele, sou 'brasileiro, profissão esperança'. Quando todos, absolutamente todos, gritaram "Fora, Collor!", eu murmurei: 'dá mais uma chance, ele tem uma carinha boa'. Fazer o que... Democraticamente, derrubaram o presidente; eu me resignei, porque democracia faz parte do meu credo. Naquela época, centenas de milhares de milhões de patrícios meus, do Oiapoque ao Chuí, por unanimidade suprapartidária, optaram pelo restabelecimento do meu país, depositando -assim como eu fiz- nas mãos do Congresso Nacional a árdua tarefa de intermediar junto aos deuses do Olimpo a salvação da pátria idolatrada. Aceitaram -e eu também- um presidente-vice, vez que o mesmo espírito anima a nós todos, nortistas e sulistas: o espírito da redenção definitiva, a resgatar das trevas todos os benfeitores da humanidade. No caso, nós mesmos.
Como eu creio! Eu creio em todas as possibilidades da economia nacional, do biodiesel à flor de maracujá, resplandecente potência, este Brasil!
"Brasil, ame-o ou deixe-o". Ninguém deixou. O amor venceu. Aliás, sempre vence.
"Diretas já!", e o que se viu? A multidão agradecida -assim como eu- jamais duvidou, sempre soube que tudo era uma questão de tempo. E de fé, muita fé. Pois, se a montanha não vem a Maomé, a Transamazônica desbravou a grande floresta e a Ferrovia do Aço foi até Carajás.
Pero Vaz de Caminha -assim como eu- também era um apóstolo da fé. E ele, profeta, prenunciara a farta vida de crediários que hoje todos desfrutamos, com direito a empréstimos consignados, juros menores para os velhinhos. Aqui, em se plantando tudo deu; até cannabis-sativa, aos montes. Droga! Não fosse uns poucos pés-de-chinelos a incomodar a polícia com granadas e metralhadoras, e eu diria que, muito além do Eldorado, vivemos no Paraíso.
Não faz mal, a minha fé é inabalável, inquebrantável. Eu sou cem por cento amor. E nesta profissão de fé, deveras paciente com os pequenos erros de todos os nossos grandes (enormes!) governantes. Enfim, se pecar é humano, errar não é pecado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário