A insatisfação e a hostilidade determinam a reação contra as dificuldades impostas so indivíduo pelas existência de um processo de adaptação entre as ambições pessoais e a pressão psicológica do meio externo.
Da antipatia, fruto de decepções e fracassos particulares, das feridas morais advindas de setores coletivos, é aí que se forja a atitude revolucionária, isto é, a rejeição ao 'modo de viver' em voga. Assim, o revolucionário nasce no enfrentamento às instituições sociais, consideradas estas a extensão de um problema anterior ainda não resolvido. Atacar os militares, enfurecer-se contra o Judiciário, condenar o governo e sua "política corrupta", são formas estabelecidas de um confronto unilateral, onde o militar, o juiz, o presidente não invadirão a privacidade do ressentimento revolucionário.
Já então resguardado, o caráter revolucionário adota fórmulas de salvação que, acredita, erradicará os males que permeiam a sociedade. Porém, convencido de seu fracasso na aplicação de tais métodos, sabendo impossível a sua realização pelas atitudes isoladas e em respeito à lei, a rebeldia do iluminado declara um novo mundo a partir do comportamento sugerido em protesto a experiências individuais, somado a idéias mais abstratas, tiradas de leituras, assembléias ou propagandas político-filosóficas. Nessa fase inicial da formação revolucionária, coexistem medidas de ordem geral (sempre utópicas) e medidas de cunho pessoal.
Diferenças essenciais separam, portanto, o indivíduo insatisfeito do rebelde, e este do revolucionário. Ao revolucinário não bastará reformar a sociedade, ele que ser o criador de uma outra, razão pela qual precisa demolir as estruturas da precedente. Como um Deus, crê no seu destino traçado pela humanidade, mesmo que que nem todos queiram o beneplácito das sua inumanas concepções. Mais que obstinado, o revolucionário é escrava da necessidade de se fazer justiça. Aliás, injusto, para ele, é tudo aquilo que se contrapõe ao seu particular ideal de justiça. Nesse sentido, o revolucionário é um rebelde, mas com poder.
Esse ordenamento próprio possibilita-lhe a manutenção de seu status de "libertador", pois que conquistou o ápice de seu esplendoroso projeto; e agora , na posição de 'líder', fala em nome do povo oprimido. A seguir, o 'iluminado' passa a ser o máximo representante das massas, fortalecido pelo prestígio do clã..
Nesse estágio, está moldado de vez o 'caráter revolucionário', a determinar, por efeito, o destino dos miseráveis. (Marcus Moreira Machado)
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