Nunca antes teve a humanidade um conflito de tão difícil solução. Está encurralada de tal maneira que se encontra num beco sem saída. As realidades, comprometidas com o impetuoso movimento do progresso, parecem ter ultrapassado a inteligência necessária para resolver os conflitos. Jamais a História registrou o espetáculo de um caos social e econômico semelhante. As consciências despertam, pretendem escapar ao silêncio, mas uma vez liberadas pelo esforço arrebatado se entrechocam, cegas, enquanto a situação continua dominando-as.
Alguma coisa de vulto pesa sobre a sociedade. É uma enorme interrogação. O quê fazer? Aonde ir? Como tomar a direção do mundo. Quando há guerra, todos perdem. Na paz ninguém se entende. Basta olhar ao redor e descobrir as ambições de alguns homens, perceber a ignorância de outros, e reconhecer a miséria de muitos. Diante de tudo, constata-se a revolução que a técnica tem operado no planeta.
Nesse panorama, em geral, o sindicalismo crê que o maior conflito reside no modelo da atual economia. Já os economistas não sabem como coordenar as novas forças de produção e adaptá-las a fins sociais mais justos. Ninguém pode negar a crueldade da cena, na qual protagonizam os escombros do crescimento.
O maior desajuste, entretanto, está na luta existente entre a maneira de se produzir e a forma de circulação das riquezas, pois não se logrou evitar obstáculos à aquisição. Eis o desafio. Se perdurar o império do regime de liberdade econômica, o mundo estará envolto em aguda crise a decretar o seu fim. Todavia, mantem-se firme a ditadura econômica dos grandes monopólios, auxiliados pelo Estado. O produtor protesta; aquele que sofre as consequências se indigna. E também possui a sua doutrina para se defender: é socialista ou comunista, ou ainda 'sindicalista'.
Até mesmo a nova técnica lança o seu brado. Avança, cria novos métodos de cultivo, aumenta sem cessar a produção, exigindo do homem a parada forçada. Homem e história querem separar-se do passado. Um parte se imobiliza, estagnada; outra, se detem nas perspectivas do futuro, como se temesse entrar no presente. Contudo, pesam sobre o espírito humano as antigas crenças, as remotas idéias, os tradicionais procedimentos.
O inevitável, independente, mostra-se inadiável: necessário é construir, à medida que se destrói, a fim de, num determinado momento, recolher os escombros que impedem o equilíbrio entre produção, crescimento e distribuição. É observação que requer atenção aos registros históricos: todas as ditaduras, democráticas ou proletárias, sempre têm conduzido a iniquidades sociais. Neste sentido, até mesmo Marx afirma que nem na sociedade comunista se poderia dar ao operário o produto total do seu trabalho. Aconselhável, pois, que no protesto contra as condições de sua exploração, os trabalhadores aproveitem suas mesmas fórmulas, porém, no que possuem de fundamental e histórico. (Marcus Moreira Machado)
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