Salta aos olhos, em visão de absoluta clareza, a ideologia de exclusão social e de dominação política através da língua, típica das sociedades ocidentais. É possível amar e cultivar os idiomas pátrios, mas sem esquecer do preço altíssimo, na sua implantação como línguas nacionais, pago por muitas civilizações.
O preconceito linguístico é um preconceito social. Combatê-lo significa passar, principalmente, por práticas escolares: os professores devem se conscientizar, evitando perpetuar, eles mesmos, essa segregação.
A língua, desde remota data, é instrumentalizada pelos poderes oficiais como um mecanismo de controle social.
Dialeto e língua, fala correta e incorreta: desnaturalizando estes conceitos, emerge a ideologia de exclusão, instrumentalizada por meios opressores.
O controle social é feito oficialmente quando um Estado escolhe uma língua ou uma determinada variedade linguística para se tornar o idioma oficial. Evidentemente, qualquer processo de seleção implica um sistema de expurgo. Quando, em um país, existem várias línguas faladas, e uma delas se torna oficial, as demais passam a ser objeto de repressão.
É muito antiga a tradição de distinguir a língua associada ao símbolo de poder dos dialetos. O uso do termo "dialeto" sempre foi carregado de discriminação racial ou cultural. Nesse emprego, dialeto é associado a uma maneira errada, feia ou má de se falar uma língua. Também é uma forma de distinguir a língua dos povos civilizados, brancos, das formas supostamente primitivas de falar dos povos "selvagens".
Essa classificação é tão poderosa a ponto de se arraigar no inconsciente da maioria das pessoas, inclusive as propagadoras de um trabalho politicamente correto.
De fato, a ruptura entre língua e dialeto é eminentemente política, estabelecida para delimitá-la, fora do alcance criterioso dos linguistas.
A eleição de um dialeto, ou de uma língua, para ocupar o cargo de língua oficial, renega, no mesmo gesto político, todas as outras variedades de línguagem de um mesmo território à terrível sombra do não-ser. A referência do que vem de cima, do poder, das classes dominantes, cria, aos falantes da diversidade de línguas sem prestígio social e cultural, um complexo de inferioridade, uma baixa auto-estima linguística, a qual os sociolinguistas catalães chamam de "auto-ódio".
Falar de uma língua é sempre mover-se no terreno pantanoso das crenças, superstições, ideologia e repre"um país, um povo, uma língua".
Durante séculos, com o objetivo de conseguir a desejada unidade nacional, muitas línguas foram extintas, populações massacradas, povos inteiros calados e exterminados.
No continente americano, a história é de uma perversa colonização construída sobre milhares de cadáveres de indígenas, aqui nativos quando os europeus invadiram suas terras ancestrais e, ainda, a de africanos escravizados.
As chamadas 'língua espanhola', 'língua portuguesa', ou 'língua inglesa' têm um rico histórico, não foram criadas espontaneamente. Pode-se amar e cultivar esses idiomas, mas sem esquecer o alto custo da sua implantação como linguajares nacionais e identidades pátrias.
Há ainda uma ideologia linguística não oficializada, ao longo do tempo instaurada na sociedade. Em qualquer tipo de comunidade humana sempre prevalece um grupo detentor do poder, a considerar seu modo de falar o mais interessante, o mais belo, a ser preservado e até imposto aos demais.
Nas sociedades ocidentais, as línguas oficiais constantemente foram objetos de investimento político. Elas são codificadas pelas gramáticas, pelos dicionários; objetos de pedagogias; são ensinadas. Claro, essa língua normatizada nunca corresponde às formas usuais, em desrespeito aos costumes dos lugares. Com frequência, há uma extensa distância entre o que as pessoas realmente falam no seu dia-a-dia, na sua vida privada e comunitária, e a língua oficializada.
A questão da línguagem é a única a unir todo o espectro linguístico, ou seja, tanto o indivíduo da mais extrema esquerda quanto o da mais extrema direita são concordes, por exemplo, diante da afirmação de que os brasileiros falam muito mal o Português.
É um pensamento milenário e arcaico, nascido entre os gramáticos gregos, trezentos anos antes de Cristo, impregnando-se maciçamente na cultura ocidental.
A prepotência linguística nas sociedades ocidentais deriva, principalmente, das práticas escolares. Pois, a escola, desde tempos imemoriais, é autoritária, não obstante apregoe o contrário. Amiúde, os alunos são obrigados a esquecer o seu próprio linguajar, impondo-se-lhes um modelo. Qualquer manifestação fora desse padrão é considerada erro, reprimindo, censurando e ridicularizando o aprendiz.
Infere-se, não poucos educadores (eles mesmos a mercê do despotismo oligárquico contemporâneo), não se dando conta de seu próprio aviltamento, são os mais fiéis colaboradores na subserviência dos educandos, mal distinguindo o erudito e o eclético.
(Caos Markus)
O preconceito linguístico é um preconceito social. Combatê-lo significa passar, principalmente, por práticas escolares: os professores devem se conscientizar, evitando perpetuar, eles mesmos, essa segregação.
A língua, desde remota data, é instrumentalizada pelos poderes oficiais como um mecanismo de controle social.
Dialeto e língua, fala correta e incorreta: desnaturalizando estes conceitos, emerge a ideologia de exclusão, instrumentalizada por meios opressores.
O controle social é feito oficialmente quando um Estado escolhe uma língua ou uma determinada variedade linguística para se tornar o idioma oficial. Evidentemente, qualquer processo de seleção implica um sistema de expurgo. Quando, em um país, existem várias línguas faladas, e uma delas se torna oficial, as demais passam a ser objeto de repressão.
É muito antiga a tradição de distinguir a língua associada ao símbolo de poder dos dialetos. O uso do termo "dialeto" sempre foi carregado de discriminação racial ou cultural. Nesse emprego, dialeto é associado a uma maneira errada, feia ou má de se falar uma língua. Também é uma forma de distinguir a língua dos povos civilizados, brancos, das formas supostamente primitivas de falar dos povos "selvagens".
Essa classificação é tão poderosa a ponto de se arraigar no inconsciente da maioria das pessoas, inclusive as propagadoras de um trabalho politicamente correto.
De fato, a ruptura entre língua e dialeto é eminentemente política, estabelecida para delimitá-la, fora do alcance criterioso dos linguistas.
A eleição de um dialeto, ou de uma língua, para ocupar o cargo de língua oficial, renega, no mesmo gesto político, todas as outras variedades de línguagem de um mesmo território à terrível sombra do não-ser. A referência do que vem de cima, do poder, das classes dominantes, cria, aos falantes da diversidade de línguas sem prestígio social e cultural, um complexo de inferioridade, uma baixa auto-estima linguística, a qual os sociolinguistas catalães chamam de "auto-ódio".
Falar de uma língua é sempre mover-se no terreno pantanoso das crenças, superstições, ideologia e repre"um país, um povo, uma língua".
Durante séculos, com o objetivo de conseguir a desejada unidade nacional, muitas línguas foram extintas, populações massacradas, povos inteiros calados e exterminados.
No continente americano, a história é de uma perversa colonização construída sobre milhares de cadáveres de indígenas, aqui nativos quando os europeus invadiram suas terras ancestrais e, ainda, a de africanos escravizados.
As chamadas 'língua espanhola', 'língua portuguesa', ou 'língua inglesa' têm um rico histórico, não foram criadas espontaneamente. Pode-se amar e cultivar esses idiomas, mas sem esquecer o alto custo da sua implantação como linguajares nacionais e identidades pátrias.
Há ainda uma ideologia linguística não oficializada, ao longo do tempo instaurada na sociedade. Em qualquer tipo de comunidade humana sempre prevalece um grupo detentor do poder, a considerar seu modo de falar o mais interessante, o mais belo, a ser preservado e até imposto aos demais.
Nas sociedades ocidentais, as línguas oficiais constantemente foram objetos de investimento político. Elas são codificadas pelas gramáticas, pelos dicionários; objetos de pedagogias; são ensinadas. Claro, essa língua normatizada nunca corresponde às formas usuais, em desrespeito aos costumes dos lugares. Com frequência, há uma extensa distância entre o que as pessoas realmente falam no seu dia-a-dia, na sua vida privada e comunitária, e a língua oficializada.
A questão da línguagem é a única a unir todo o espectro linguístico, ou seja, tanto o indivíduo da mais extrema esquerda quanto o da mais extrema direita são concordes, por exemplo, diante da afirmação de que os brasileiros falam muito mal o Português.
É um pensamento milenário e arcaico, nascido entre os gramáticos gregos, trezentos anos antes de Cristo, impregnando-se maciçamente na cultura ocidental.
A prepotência linguística nas sociedades ocidentais deriva, principalmente, das práticas escolares. Pois, a escola, desde tempos imemoriais, é autoritária, não obstante apregoe o contrário. Amiúde, os alunos são obrigados a esquecer o seu próprio linguajar, impondo-se-lhes um modelo. Qualquer manifestação fora desse padrão é considerada erro, reprimindo, censurando e ridicularizando o aprendiz.
Infere-se, não poucos educadores (eles mesmos a mercê do despotismo oligárquico contemporâneo), não se dando conta de seu próprio aviltamento, são os mais fiéis colaboradores na subserviência dos educandos, mal distinguindo o erudito e o eclético.
(Caos Markus)
Nenhum comentário:
Postar um comentário