A comunicação, o ato de tornar comum, possui duas dimensões. A primeira delas é a intrapessoal, que é a forma como a pessoa dialoga consigo mesma. Ela está nos domínios da psicologia. A segunda é a interpessoal, ou seja, a troca de informações entre duas ou mais pessoas. Essa perspectiva situa-se no campo das ciências sociais dedicadas aos estudos dos processos da comunicação social.
Há quem afirme, o objetivo da comunicação é persuadir. Embora correta tal assertiva, não é dispensável uma análise mais criteriosa a respeito. Em primeiro lugar, essa afirmação é oriunda da filosofia grega acerca da retórica. E retórica é a faculdade de ver teoricamente o que, em cada caso, pode ser capaz de gerar persuasão. Nenhum outro artifício possui esta função, porque os demais têm, sobre o objeto determinado, a possibilidade de instruir e convencer apenas acerca de assunto contido na especificidade, enquanto a retórica parece apta, quando concernente a uma dada questão, a descobrir o que é próprio para persuadir, ou seja, ela é uma técnica de aconselhar com tal intensidade a ponto de o aconselhado admitir por real e efetivo o argumento do seu interlocutor.
A ação retórica comporta diferentes recursos, incluindo as formas de comunicação, notoriamente as linguagens, e os meios. No entanto, o seu objetivo não é o da comunicação interpessoal.
As explicações sobre a comunicação interpessoal sistematizada variaram ao longo da História.
Nos métodos comunicacionais, dentre outros aspectos, são incluídas as intenções do receptor e do emissor, perceptíveis os filtros pelos quais cada um interpreta ou transmite as mensagens e as experiências de vida. Talvez o mais importante seja considerar o receptor não como um mero ser passivo a ser aconselhado ao extremo, e sim o quanto ele pode escolher entre ser convencido ou não, de acordo com os seus interesses.
A análise dos processos comunicacionais se dá, na maioria das ocasiões, nos domínios da filosofia e das ciências sociais. Os procedimentos pelos quais ocorre a comunicação social é um trabalho inter e multidisciplinar, é navegar no mesmo mar, porém, com embarcações e tripulações distintas.
A educação formal precisa repensar urgentemente a sua relação com os meios de comunicação, deixando de ignorá-los ou considerá-los inimigos. Ela não pode, contudo, pensar em imitá-los, porque neles predomina a função lúdica, de entretenimento, não a de organização da compreensão do mundo e das atitudes.
É extremamente necessário estabelecer vínculos com os meios de comunicação, utilizando-os como motivação do conteúdo de ensino, ponto de partida mais arrojado e interessante diante de um novo tema a ser estudado.
Se a instituição escolar pretender de fato construir uma sociedade democrática deverá, enfim, considerar no seu projeto educativo, a abordagem dos meios de comunicação e a própria comunicação como objetivos incorporados (e não marginais) ao desenvolvimento educativo integral do idealizado aluno-cidadão.
(Caos Markus)
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