Contrariamente aos que vêem nos meios de comunicação e na tecnologia de informação uma das causas do desastre moral e cultural da sociedade moderna, ou seu oposto, uma espécie de paranóia, de solução mágica para os problemas da educação, é então crucial constatar não existir nada mais prejudicial do que a introdução das modernizações tecnológicas sem antes mudar o modelo de comunicação que está por de baixo do sistema escolar.
As sociedades centralizaram sempre o saber, porque o saber foi sempre fonte de poder, desde os sacerdotes egípcios aos monges medievais ou, atualmente, aos assessores dos políticos. Dos mosteiros da Idade Média às escolas de hoje, o saber conservou esse duplo caráter de ser, ao mesmo tempo, centralizado e personificado em figuras sociais determinadas. A atitude defensiva da escola e do sistema educativo está levando-os a desconhecer ou disfarçar o fato de que o problema de fundo reside no desafio apresentado por um ecossistema comunicativo, do qual emerge outra cultura, outro modo de ver e ler, de aprender e de conhecer.
A quem supõe o fim próximo do livro, é crível afirmar: nunca publicou- se tanto e leu-se tanto. O livro não está acabando e nem vai se extinguir; ao contrário, cada vez mais serão lidos, incluídos aí os textos de multimídia, em nada o oposto do livro, mas sim outro modo de escrita e outro objeto de leitura.
Um dos maiores desafios lançados pelo ecossistema comunicativo à educação: ou se dá a sua apropriação pelas maiorias ou se dá o fortalecimento da divisão social e a exclusão cultural e política por ele produzidas. A educação tem de ajudar a criar uma mentalidade crítica, questionadora, desajustadora da inércia na qual as pessoas vivem, desajustadora da acomodação na riqueza e da resignação na pobreza.
(Caos Markus)
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