Pouco se conhece acerca das necessidades e características do potencial de indivíduos com altas habilidades e/ou superdotação, apesar do crescente reconhecimento da importância de se estabelecer condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Noções falsas sobre estes indivíduos, fruto de preconceito e desinformação, estão profundamente enraizadas no pensamento popular, interferindo e dificultando a implantação de práticas educacionais dirigidas ao atendimento dos anseios e premências desse grupo. Por exemplo, uma ideia predominante em nossa sociedade é a de que o aluno superdotado tem recursos suficientes para expandir suas habilidades por si só, dispensável, pois, a intervenção do ambiente. Então, os fatores genéticos são supervalorizados em detrimento do meio social, este último ocupando um papel secundário no fortalecimento de habilidades e competências. Entretanto, um potencial n ão cultivado é sempre um potencial perdido. Ao aluno provido de excepcionais habilidades e/ou superdotação é imprescindível um rol de diversificadas experiências no processo ensino-aprendizagem, como influxo à sua evolução, favorecendo a realização plena de sua capacidade latente.
Outro mito é o de que o aluno superdotado apresenta, como regra inflexível, um bom rendimento escolar. Todavia, atitudes depreciativas na escola, tanto quanto estratégias educacionais e currículos alheios à má interferência na atuação dos virtualmente qualificados com tais atributos, fazem parte do dia-a-dia, via de regra, das instituições de ensino.
Tendências atuais na educação do superdotado destacam a relevância de se prepará-lo para a definição e solução de problemas, produzindo conhecimento por meio de práticas envolvendo o pensamento crítico e criativo, paralelamente ao cultivo de um conjunto de perfis de personalidade, quais sejam, persistência, autoconfiança e independência de pensamento, indispensáveis a uma melhor expressão das superiores aptidões.
Do ponto de vista da política de inclusão, flexibilizações curriculares e instrucionais devem ser pensadas a partir de cada situação individualizada e não como propostas universais.
Assim, fundamentados nos princípios de respeito à diversidade e salvaguarda do direito de todos à educação de qualidade, impõe-se a obrigação se criar um entorno educacional acolhedor e incentivador do potencial promissor de educandos com proeminentes predisposições intelectuais.
Afinal, uma educação verdadeiramente democrática distingue as diferenças pessoais, fomentando múltiplas conjunturas de assimilação, compatíveis com as vocações, interesses e estilos de discernimento da pluralidade de sujeitos.
No ensino público do Brasil, contudo, refletindo diretrizes sequer comprometidas com a educação em geral, nivela-se ao mais baixo patamar todo o corpo discente, aproximando uns dos outros os alunos, não pela superação de situações e problemas, mas pela alienação desagregadora.
(Caos Markus)
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