Uma pessoa é mais do que o somatório dos seus traços de personalidade. Ela é fruto de uma história única e intransferível. Mesmo cientes de que estes sinais, por si sós, não são capazes de informar sobre o nível ou grau de criatividade individual, eles representam um avanço nas investigações a respeito de 'criatividade', pois lançam luzes importantes acerca desta tarefa complexa -a de 'conhecer a personalidade de pessoas com alto potencial criativo'.
A identificação dos indícios de personalidade que caracterizam sujeitos criativos também representa uma opção metodológica quando se pretende promover 'criatividade'.
Conhecidos os padrões associados aos sujeitos com alto potencial criativo, é possível atuar no sentido de auxiliar pessoas consideradas comuns a trabalharem estes indícios em si mesmas e, consequentemente, abrir campo fértil ao 'cultivo da criatividade'.
O reconhecimento da alta criatividade no adulto não necessariamente garante a presença deste atributo nas crianças, tornando-as, por crescerem em sua companhia, igualmente criativas.
O domínio sobre a criatividade e suas manifestações infantis é ainda bastante limitado.
Tal restrição, entretanto, não impede o planejamento de estratégias promotoras da criatividade na infância. O exame dos aspectos da
personalidade caracterizadores do sujeito criativo muito tem a auxiliar neste contexto.
Nas investigações e debates abordando a personalidade criativa, destaca-se a importância de se possuir 'conhecimentos', sejam gerais ou específicos. Entre pesquisadores, há expressiva concordância relacionada à sua necessidade, pois sem algum conhecimento prévio de um assunto, é pouco provável produzir algo de fato inovador ou original. Uma bagagem de conhecimentos é, sim, fundamental ao 'processo criativo'. Quanto maior esta, maior o número de padrões, combinações ou idéias sob alcance.
Outro detalhe a ser ressaltado é o da 'motivação' influenciando o comportamento criativo. Pode-se esperar elevados níveis de performance criativa em pessoas com motivação e habilidades necessárias ao 'ato criativo'.
A 'motivação intrínseca' é a chave mestra das portas do 'processo criativo'. Ela é a força interna mobilizadora na produção (pelo simples desejo de querer produzir) de artefatos, idéias, objetos, arte ou ciência. E surge no âmago do desejo imanente no ser humano em somente 'realizar', sem qualquer contrapartida compensatória.
Na diferença com a 'motivação extrínseca', esta última, não raro, causa danos ao 'processo criativo', por desviar o interesse do indivíduo, levando-o a elementos exteriores de caráter retributivo.
Criatividade, como todo fenômeno complexo, exige mais trabalho em sua delimitação.
Mensurá-la num sujeito demanda, também, compreender a história de vida dessa pessoa, a sua construção de rotas de desenvolvimento, seus processos de aprendizagem e correlata 'produção criativa'.
A história de cada um tem muito a informar sobre sua criatividade. Por isso é tão relevante pesquisar os traços biográficos relacionados a um perfil criativo.
Na ausência de parâmetros inflexíveis, uma norma prevalece acima de quaisquer paradigmas: jamais emerge da latência, da virtualidade, da potência, um 'ato criativo' elevado à condição de nova imediata realidade. Esse novo 'real' possui, quando muito, caráter antecipatório, uma prognose, apenas. Mais frequentemente, o que se confirma é o afloramento do intuitivo, carente ainda de conhecimento que lhe imprima forma e solidez.
(Caos Markus)
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