REALIDADES CONDICIONADAS
O agir de cada um de nós nada mais representa do que efeitos expressos e aparentes de formulações bem mais profundas de concepções e de percepções que fazemos a respeito de nossa realidade.
O mundo percebido condiciona a maneira como cada um se comporta. A assimilação individual da realidade condiciona significativamente a forma da ação e do procedimento pessoal.
Como argumentamos, negociamos, administramos conflitos ou resolvemos nossas divergências, nos relacionamos uns com os outros ou interagimos, tudo isto é decisivamente influenciado pelos nossos condicionamentos
comportamentais.
As ações individualizadas não estão livres,independentes, mas são, sim, orientadas pela consciência, através do discernimento e concepção da realidade de cada sujeito. Para modificar-se um comportamento é preciso especial atenção, em primeiro lugar às suas causas condicionantes, decorrentes do processo de pensar, sentir e agir.O discernimento controla significativamente a forma de comportamento.
As imagens projetadas da realidade regulam a lógica de argumentação, as escolhas nas decisões e o procedimento em cada circunstância. As apreensões diversificam-se na pluralidade de cognições, mesmo entre os sujeitos que têm igual nível educacional e cultural, além da mesma trajetória existencial.
Os indivíduos compreendem diferentemente, a partir de suas próprias experiências, de suas estruturas mentais, de suas noções e visões de mundo, de como idealizam a natureza humana nas mais variadas situações em sociedade. Muito além do nível consciente, a dimensão inconsciente (e, muitas vezes, até mesmo a subconsciente) revela contextualizações antes interiorizadas, em conformidade às reações pessoais nas múltiplas relações interativas. As conjeturas decidem a variedade de atuações.
Se for desejado, efetivamente, a mudança de um
comportamento considerado imperfeito, será regra primeira a alteração das causas originárias desse comportamento, e de igual forma, a revisão das convicções, dos conceitos, a teoria, e a estrutura de pensar e sentir até então influentes nas atitudes, objetos dessa pretendida transformação.
Toda esta exposição, caracterizada, ou segmentada, não é separada na realidade vivencial, cotidianamente. Porque tais acepções subordinam-se a três amplas mensurações, quais sejam, a 'normativa', a 'cognitiva' e a 'volitiva'. A normativa (dimensão vulgarmente conhecida enquanto mentalidade, e tecnicamente como caráter) está relacionada aos valores, às crenças, às idiossincrasias pessoais, às opções éticas, ao 'dever ser', definindo, pela condicionante atuando na estruturação do pensamento, o processo de lógica e de argumentação prevalecente.
Já a medida cognitiva refere-se aos conhecimentos, às informações, ao sabido pela pessoa. Por isso se diz: 'as pessoas valem não só pelo que sabem, mas pelo que fazem com o que sabem', isto é, em conformidade com o seu comportamento.
A terceira dimensão, a volitiva, correlaciona-se às necessidades, aos desejos, às aspirações subjetivas, quer dizer, à sua vontade de cada um. Nessas três dimensões, permanentemente interagindo entre si, estão submetidas estas ou aquelas distintas mas padronizadas atuações, identificadas na denominação 'comportamento'. Interdisciplinares, esclarecem porque o indivíduo argumenta numa determinada linha ou noutra, negocia de uma determinada forma ou de outra, estabelece canais de negociação e de intermediação em função das teorias, científicas ou não, fundamentadas ou não, válidas ou não, que condicionam as suas formas de ver a realidade e de assim se comportar.
Não importa a comprovação ou o reconhecimento de suas concepções acerca da natureza humana: os seus conceitos, inconscientemente, determinam o seu desempenho. As teorias que cada um possui são as suas verdades, responsáveis na fixação da sua singular clareza e motivadoras do controle das suas próprias observações e co-respectivas respostas face a realidade.
(Caos Markus)
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