Na sociedade atual, vive-se um vertiginoso, onipresente e multi-direcionado movimento de informação, tornando impossível atingir a meta do conhecimento mais amplo. Embora se saiba cada vez mais, limita-se a capacidade no maior alcance de um assunto determinado.
Hoje, a natureza dinâmica da consciência provoca a necessidade de se desenvolverem capacidades suscetíveis de transferência, pelo estímulo das habilidades aptas a tornarem os indivíduos adaptáveis a circunstâncias novas e frequentemente sujeitas a transformações.
As instituições de educação podem desempenhar um papel importante no processamento da criatividade. A prática pedagógica do professor, a concepção dos currículos, a existência de recursos, a atenção à dimensão contextual são, pois, variáveis relevantes no progresso da criatividade potencial dos educandos.
Não há dúvidas, a preferência dos alunos é pelo aprendizado criativo, explorando, manipulando, questionando, experimentando, testando e modificando ideias, ou seja, exercendo um 'inquérito científico' sobre o seu ambiente, entendendo-se por 'inquirir' a atitude voltada à pesquisa, à investigação pela coleta de informações.
O estímulo à valorização das inovações destaca-se neste cenário onde as pessoas só aprendem à medida da percepção da contraprestação compensadora.
Num ensino inventivo, os aprendizes estão preparados e dispostos a conceituar e a inverter, reverter, recombinar disposições aparentemente inflexíveis, imprimindo outros arranjos
a ideias pré-concebidas, exaurindo-as até fazerem adquirirem sentidos até então ainda não admitidos em sua plausibilidade , recusando a memorizar e repetir o conteúdo sistematizado na exclusividade.
Não há suficiência no estágio sempre preliminar de aquisição, por indivíduos em geral e pelos alunos particularmente, de excessivo conhecimento.
Porque não se prescinde a sua instrução para exercitar o uso desse conhecimento.
O novo caminho haverá de ser o da 'perspectiva do domínio absoluto do conhecimento' como um dado adquirido, no percurso para 'a perspectiva do saber como resultado de um esforço dinâmico, producente.
O mal denominado "bom aluno" deixará de ser aquele o eficaz reprodutor do facilmente assimilável.
Os especialistas em currículo, quando indagados a respeito dos aspectos correspondentes à melhor forma de incentivo à evolução de programas criativos, são taxtivos: a base de conhecimentos, o sistema de planejamento, os atributos individuais, o clima, a rede de trabalho, a liderança e o apoio.
Ocorre, todavia, de o professor estar na posse de um conjunto de conhecimentos falsos sobre criatividade, sendo bastante comum acreditar na sua existência restrita a atividades artísticas, cabendo, pois, ao professor de artes o seu desenvolvimento. Equivocadamente, também crê nessa característica como vocação de certo número de indivíduos, não raramente defendendo-a como uma questão de tudo ou nada, isto é, a pessoa é vista como portadora ou não de um dom. Escapa-lhe a compreensão da criatividade observada em progressiva gradação. E por isso mesmo, esse professor é incrédulo quanto ao aprimoramento através da prática e do treino, convicto da sua realidade apenas quando circunscrita a fatores intrapessoais, subestimando então a inegável contribuição possível por meio de condições favoráveis, somente disponibilizadas pela escola e pela sociedade, mediante intervenções dirigidas a mudanças estruturais dessas instituições.
A escola, todavia, continua a negligenciar as capacidades criativas dos aprendizes, limitando o desenvolvimento pessoal, impondo a todos as crianças um só modelo cultural e intelectual, sem ter em conta a diversidade dos talentos individuais.
É indispensável, via de consequência, repensar o sistema educacional, inserindo, no mesmo, uma plataforma para a criatividade, com base no cultivo de habilidades relacionadas ao pensamento independente e ao fortalecimento de atributos de personalidade favoráveis à expressão autônoma. Para isso, é também fundamental imunizar o aluno contra as patologias que minam a sua energia criadora (o medo do fracasso, o comodismo e a apatia). E, ainda, cultivar as sementes dessa criatividade inatas em todo o ser humano, através de um ambiente rico em estímulos e desafios, pela prática de valorizar o trabalho do indivíduo e do
grupo, reconhecendo suas potencialidades, respeitando as diferenças e oferecendo oportunidades para a produção e fertilização de ideias.
(Caos Markus)
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