REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
QUINTA-FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2012: " 'PEQUENOS ASSASSINATOS', O PRENÚNCIO DA VIOLÊNCIA"
Na virada da década de 60, século passado, Jules Feiffer desenvolveu plenamente sua mistura de farsa e crítica, articulando uma explicação para as frustrações políticas e sociais que haviam se multiplicado vertiginosamente no que então se denominava a 'Nova Fronteira' e a 'Grande Sociedade'. Hoje, a 'Internacionalização' no 'Mundo Corporativo'. Cartunista de renome, Feiffer enveredou pela dramaturgia.
Dentre suas peças, "Pequenos Assassinatos", tradução de "Little Murders", aborda a questão da violência contemporânea na retórica da tese de demarcação de fronteiras.Sem a pretensão de elaborar um prognóstico à realidade futura (a atual), é de se reconhecer em "Pequenos Assassinatos" o prenúncio da violência metropolitana institucionalizada, a exemplo do que hoje se vê em São Paulo, inclusive.
Para Carol Newquist, personagem da peça "Pequenos Assassinatos", a cidade está cheia de crime, e seus habitantes estão condenados a lidar com a possibilidade de ser vítima:
"Eu levanto de manhã e penso, sim: um atirador de elite não me matará no café da manhã; vamos ver se eu posso ir para o meu passeio matinal sem ser assaltado.
Ok, eu terminei a minha caminhada; vamos ver se eu posso voltar para casa sem ter um tijolo jogado, do topo de um edifício, sobre a minha cabeça. Ok, estou seguro no lobby; vamos ver se eu posso ir até o elevador sem fincarem uma faca nas minhas costelas. Ok, eu fiz isso. Agora, vou para a sala; vamos ver se eu posso entrar na sala-de-estar e não encontrar o resto da minha família morta."
Conforme o texto, não seria possível explicar por que a classe média-baixa celebraria a ascensão de uma elite, a fim de que a 'honra' e a 'decência' pudessem, em hipótese, ser restauradas através da autoridade do Estado.
Na verdade, o texto convida-nos a explorar o quanto a 'tese de fronteira' foi abusada como uma justificativa retórica para usos mais contemporâneos da violência. Sem celebração dos bandeirantes, a auto-suficiência, no entanto, fornece uma explicação suficiente para a compreensão da política externa americana no Terceiro Mundo.
(...) A peça "Pequenos Assassinatos" permitiu o avanço de uma reflexão pós-moderna sobre a extensão e as consequências da forma como o capitalismo monopolista se apropriou as construções sociais da realidade.
Fala do personagem Carol :
"Estamos aqui envolvidos em uma conspiração de longo alcance para minar o respeito por nossas crenças básicas e pelas instituições mais sagradas. Quem está por trás desta conspiração? As pessoas em lugares altos e as pessoas em lugares baixos, ocultando suas atividades sob um manto de pobreza. Pessoas em todas as esferas da vida (...). Uma conspiração de proporções tão ameaçadoras que não pode saber de toda a verdade em nossa vida, e nunca será capaz de revelar todos os fatos. Estamos preparando prisões em massa (...). Precisamos de policiais honestos! As pessoas simplesmente não estão protegidas mais! . Precisamos de um reavivamento de honra. E confiança! Precisamos do Exército! (...) Nós temos que ter lobotomias para quem ganha menos de 10 mil por ano."
Mas Carol percebe a violência em termos essencialistas, ele só não dá uma explicação para os fatos que fizeram parte não apenas dos distúrbios da paisagem urbana, mas forjaram a única maneira plausível de vida para muitos membros da classe baixa. Esta imagem distorcida de conformismo nos leva (...) aos pensadores do Establishment , das instituições do Sistema, às conseqüências dos atos praticados por uma "multidão solitária" (...) "metropolitana ", que havia substituído o 'status quo' buscando o totalitarismo de outros poderes; que parecia representar o lado mais escuro da sociedade, muito além das ideologias.
Ademais, em "Pequenos Assassinatos", está presente uma visão pessimista da cultura, como uma ferramenta neurótica e repressiva nas mãos de uma elite dominante, descartando ideólogos do consenso.
(Caos Markus)
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