Faz pouco tempo, a gente não tinha tanta novidade. O novo era então tudo e só o que esperávamos.
Esperávamos?!Não! A gente não ficava com a mão aberta até que um mais afortunado fizesse a sua piedosa caridade (a sua maior certeza, também, de ainda mais fortuna fazer, através da manutenção da sua "piedade" a tantos quantos permaneciam miseráveis por conta disso).
Se uma maioria parecia dispersa nas chamadas 'massas populares', havia quem destas pretendesse (convicto!) a emancipação. Tudo em nome de uma 'liberdade' precedente a qualquer moderno conceito de Estado de Direito; mais ampla que a contemporânea 'garantia dos direitos fundamentais'. Porque 'fundamental' era a liberdade, concreta e concretizada, sem os meios termos nem o mínimo ético. Absoluta, integral, essencial, internacional.
Os comunistas defendiam-na, doutrinariamente e por meio do pragmatismo político.Todavia, segregados, nem sempre ou em qualquer lugar podiam sublevar-se contra os oligarcas. Então, reunidos em suas"células", conspiravam o mundo mais justo, a sociedade igualitária, a luta de classes -indispensável à realidade das suas utopias.
Também no Brasil, houve quem não hesitasse proclamar o advento comunista, articulando na clandestinidade o seu porvir. Nuances entre o 'comunismo' e o 'socialismo', ou mesmo o 'anarquismo', jamais foram impedimento às estratégias então planejadas. Até eventuais seguidores de Bakunin, partidários remanescentes do 'socialismo libertário', poderiam ser tolerados por marxistas, leninistas ou trotskistas.
Porque na promoção do bem comum (pela transformação da sociedade e da relação de classes), grandes e pequenas lutas convergiriam à uma grande história, afirmavam todos.
Revisionistas à parte, brasileiros e brasileiras, sufocados por golpistas militares (também, ou, principalmente, os civis), insurgiam-se mais uma vez, já passada a ditadura Vargas, superado o entusiasmo nacional com Juscelino, derrotado Jânio Quadros e expulso Goulart. Todos retomando a luta contra o Estado pequeno-burguês.
Dessa feita, a clandestinidade se dava através dos "aparelhos", onde os ditos "subversivos" tramavam "guerrilhas".
História mais recente, todos sabemos no que deu. Nas aposentadorias que o Estado deu a alguns, inclusive, nem sempre tão guerrilheiros assim. E também sabemos no que deu e no que deram estes últimos: presidentes e ministros de estado, que, distantes anos-luz de um Marighella, por exemplo, conspiram, em nome de uma revolução adiada, no codinome do poder, o mausoléu da esquerda nacional.
Em cada prefeitura, no Alvorada (do crepúsculo à madrugada, até o alvorecer), hoje, há centenas de modernos "aparelhos"-gabinetes, destinados a garantia de uma vaga ordem nacional num incerto progresso ideal.
Quem sabe, por isso, da outrora mobilização do antigo proletariado, na já extinta luta de classes, tão-somente reste a recordação, acima de maior aspiração.
(Caos Markus)
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