Meio simbolicamente generalizado de comunicação, o poder não depende nem da submissão concreta nem imediatamente do efeito obtido por seu detentor.
Isto porque, entendido como código que de fato ele representa, realiza uma redução de complexidade (de ambos os lados, ou seja, nos pólos ativo e passivo; do detentor e do submetido) ao nível da ação também bilateral.
Equivale dizer, também o detentor do poder tem de ser movido para usá-lo, causando sucessivas dificuldades. Efeito disso, ele não é o instrumento de uma vontade sobre a outra; porém, como 'meio' de 'comunicação', instrumentaliza não uma vontade já dada, mas sim o querer já produzido, enquanto 'meio', vinculando-o, sujeitando-o e conduzindo-o ao sucesso na absorção de riscos, e, por efeito, também levando-o ao fracasso.
Nessa situação, nota-se, o poder é meio à transmissão de seleção de ações, quando ambos os comunicadores são sistemas, aos quais atribuem-se critérios seletivos para o seu agir.
Do submetido (o sujeito passivo do poder) espera-se a escolha sua própria ação, daí inferindo-se possível a auto-determinação.
Por este pressuposto, todavia, é que são dirigidos contra ele, o subjugado, elementos de poder, através de ameaças, no sentido de regulá-lo na escolha realizada.
De igual modo, o detentor do poder se auto-determina. Com isso, na relação entre ambos resta postulada a possibilidade de previsível e identificável divergência.
Confirma-se, a ambiguidade prevalece: de um lado, força e rendição; de outro, controle e submissão.
(Caos Markus)
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