Nem sempre as declarações oficiais acerca do que é feito, em se tratando de matéria científica, correspondem à verdade.
Seja qual for o conteúdo do seu objeto, a informação científica deve ser livre e espontânea, razão pela qual os "experts" governamentais não têm o direito de chamar em seu auxílio os agentes da vulgarização, a desempenharem o papel de meros propagandistas dessa ou daquela "política" científica. Possivelmente fosse melhor que tais "experts" tentassem aprimorar a difusão de informações sobre a "política" da ciência, deixando então aos vulgarizadores profissionais a tarefa de noticiar ao público aquilo que, em matéria de pesquisas científicas, se faz ou se omite de fazer.
Uma das 'funções' francamente sob o encargo desses agentes especializados em tal banalização consiste em apresentar-se como anteparo a possíveis distorções de determinados comentários cômodos aos governos e à indústria, mas, em prejuízo da efetiva cidadania, sonegadoras da verdade científica, do seu sentido e de seu alcance no pluralidade dos segmentos sociais.
Sem dúvida, toda informação é portadora de um "filtro", consciente ou não. Não há vulgarização de um 'saber puro', quando em seu estágio de elaboração teórica ou estrutural. Percebe-se, a notícia, se não "informa", ela "deforma". Portanto, em todo esforço metódico ou sistemático de informação, há pressupostos não apenas teóricos ou filosóficos, contudo, também 'ideológicos', 'valorativos' e 'políticos'.
Não por outras razões, frente a uma informação de caráter pluridisciplinar, com frequência ela é concebida como fundada na criação de uma vaga cultura universal, ou de uma imprecisa nova imagem do mundo.
Assim compreendida, essa cultura é uma construção suspeita, posto que em muito distanciada da realidade dos objetivos pretendidos e muitas vezes alcançados pela comunidade científica, considerada em sua multidisciplinariedade de conteúdos e aplicações.
Por consequência, mais que ilação, infere-se: há muito mais mistérios entre o oficial e o oficioso do que a vã sabedoria pode conhecer.
(Caos Markus)
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