Por que essa idéia fixa de que o presente é tão marcante e passará, inevitavelmente, para a posteridade? Somos todos incapazes de lembrar que o pretérito sempre foi conjugado no futuro. E queremos acreditar que o último, o mais recente golpe é o derradeiro e o decisivo. Nada é definitivo, isto sim, como nada é definido, com certeza. Mas, não! tolos que somos enxergamos o auge naquilo que ainda é o primeiro passo, tanto quanto professamos o apocalipse no que não passa de um tumulto. É a ansiedade típica do homem político, onde tudo deve ter uma séria e grave razão por existir.
Nessa linearidade, tornamo-nos visionários de fatos corriqueiros, na defesa intransigente da arrogância peculiar à nossa pequenez. Pois, então, tudo prometemos - o que os outros não cumpriram e o que também não cumpriremos. Um caminho curto para a discordia, e todos discordando por pura retórica. Alternadamente, pessoas, grupos sucedem-se uns aos outros na prerrogativa da verdade inconteste; simultaneamente dizem as mesmas coisas em linguagens aparentementes diferentes, uns acredianto que agora é a sua hora e a sua vez, outros na pausa dos que em breve estarão de volta. Não entende-se quem realmente já esteve e se já esteve; não se sabe quem retorna e se retorna mesmo. (Marcus Moreira Machado)
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