O governante que de fato estiver preocupado com o bem-estar do seu povo não o subjugará ao império das paixões, pois, presume-se, ele mesmo muito acima delas estará, norteado por inescusável altruísmo. Requer-se sensibilidade tal que permita aglutinar semelhanças e respeitar diferenças, identificando a alma nacional. Porque "não pode haver nação sem um lastro comum de pensamento e sentimento". Qualquer dirigente será sempre mais respeitado a medida que saiba captar aquela que é a alma do seu povo. Até mesmo déspotas sabiam disso. Em 1808, com brilhantismo admitia Bonaparte a sua maior admiração, ":... a importância da força para fundar qualquer coisa". E, prosseguia o imperador," só há duas potências no mundo: a espada e o espírito. Com o andar do tempo, é sempre o espírito quem desbarata a espada".
Se aceitarmos o ensinamento de Légal e Gressaye conceituando "instituição "como um grupo de pessoas reunidas em torno de uma idéia capaz de realizá-la graças a uma "organização permanente", poderemos constatar a ausência de efetiva instituições no Brasil. A exemplo, temos o sindicalismo nacional., a confundir autonomia de organização profissional" com ingerência nos negócios do Estado, descaracterizando, também, os fundamentos da participação nos lucros. Restritos na parcialidade, nossos sindicalistas, via de regra, buscam mais que a participação dos trabalhadores nos lucros das empresas, insurgindo-se através da formação de um inaceitável Estado "paralelo", buscando marginalizar o Estado institucional. Desprezam o elementar, de há muito pela própria Igreja já reconhecido por Pio XI na Encíclica "Quadragésimo Anno", ou seja,"É completamente falso atribuir só ao capital ou só ao trabalho o que resultar da eficaz colaboração de ambos; e é totalmente injusto que um ou outro, desconhecendo a eficácia da outra parte, se alce com todo o fruto".
Não é outra a disposição de grande parte do nosso empresariado, exigir mudanças por meio de um "contrato de sociedade" onde interesses aparentemente antagônicos possam se harmonizar em reconhecível "identidade" nacional.
Mas, isso só será possível mediante eventual habilidade de não menos fortuito estadista, a ser notabilizado pela argúcia na administração da coisa pública, e não pela astúcia, infelizmente entendida por nós brasileiros como "política". A desumanização em que vivemos foi tratada por Werner Sombart como a substituição da alma pelo espírito, a objetivação dos processos químicos, a sua assimilação às coisas tratadas, fazendo-se totalmente abstração de suas relações íntimas possíveis com a pessoa.Democratizar, então, é humanizar. Seremos capazes disso!?(Marcus Moreira Machado)
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