O estabelecimento da democracia exige, antes, o da educação. Não por menos, advertiu Washington:: "Quanto mais força a estrutura do governo der à opinião pública, mais essencial é ilustrá-la".
Entre nós temos instituições em excesso, sem que elas cumpram devidamente seus misteres; ao contrário, são formidáveis obstáculos à consecução do bem comum. Em várias delas o que se verifica é a prevalência de interesses de grupos minoritários, sempre em função diametralmente oposta à consideração de Jean Jacques Rousseau, em seu célebre "Du Contrato Social". Segundo o filósofo francês, para que haja "vontade geral" torna-se necessário que nenhum outro órgão coletivo se interponha entre o indivíduo e o Estado. E esta vontade se origina do que resta de comum no confronto de vontades individuais, não se devendo confundir a vontade geral com a vontade de todos, pois que a primeira visa o interesse comum, enquanto a segunda permanece no interesse privado, de cada um. E, afirma Rousseau: "mas tirai desta mesma vontade os mais e os menos que se entredestroem, restando como soma das diferenças a vontade geral... Importa, assim, para bem realizar o enunciado da vontade geral que não haja sociedades parciais no Estado, e que cada cidadão opine somente por si".
Fundamentar, assim, o Estado em valores em que o futuro esteja ligado ao passado "pelo nobre cativeiro do dever" e missão precípua da educação. Já Von Humboldt, incontinente, a respeito asseverava: "O que havemos de por dentro do Estado, devemos antes por dentro da escola". E uma vez compreendido como exercício da democracia o direito de opinião, faz-se imperioso elevar o nível moral de quem o exerce. Destarte, "quanto mais força a estrutura do governo der à opinião pública, mais essencial é ilustrá-la". Por isso mesmo, mais que qualquer coisa, necessário é "educar o soberano".
Esse sentido, recomenda-se a austeridade, o típico atributo daquele que, assumindo a "linha reta entre a consciência e o dever" sobrepõe-se ao "homo ludens" ainda latente em cada ser humano e insistente por despertar.(Marcus Moreira Machado)
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