Muito mais suscetível ao contágio dos vícios oriundos das trevas geradas pelas paixões, sucumbe, o "idealista", sendo-lhe quase impossível alcançar a evidência, que é o critério da verdade sob o império da consciência e da razão. Falta-lhe mais uma vez a Crítica como a 'filha da consciência universal', alimentada pela observação de muitos séculos, acumulando a experiência e 'apontando os nossos defeitos e a escala das nossas virtudes'. Pois, na comparação do mérito com o demérito tem-se a elevação do nível moral como resultado.
Filhos da Cibernética, falta-nos hoje recuperar o sentido das palavras. Justamente agora, quando pressupõe-se a mais ampla elucidação proporcionada pela multiplicidade nas fontes da técnica moderna, ocorre a nossa maior ignorância a respeito da existência humana, ensejando o conhecimento pela hermenêutica como norma de interpretar o sentido das palavras, todas por demais desgastadas no formidável 'condicionamento' da 'aldeia global'. A exegese deverá subsidiar aquela que, atuando na esfera do entendimento, dispõem da 'súmula de infinitos silogismos', corrigindo os defeitos, desfazendo máculas e ao mesmo tempo enaltecendo 'os fulgores da idéia, do pensamento' - a 'Crítica'.
Dialética e Lógica sendo sinônimas. coexistem no exercício da Crítica. O sarcasmo acerbo, o riso sardônico, ou a pungente ironia não serão, jamais, obstáculos à autoridade da crítica judiciosa perante a opinião pública.
É chegado o momento de reconhecermos que a 'causa eficiente' é a pressuposição da 'causa final' agindo cada um de nós sempre tendo em vista um fim. O 'por que' encerrado na proposição da eficiência será explicitado na finalidade; determinar a destinação das nossas obras é submissão a observar-se, se pretendermos o estabelecimento das verdades incontestes pelo princípio da sindérese. Assim a 'certeza', como origem moral, fundamentada nos princípios gerais e universais da conduta humana, buscará a promoção do 'bem' como enriquecimento do ser humano, pela evidência intrínseca, já não mais dependendo de referência baseada em uma autoridade.
Mesmo admitindo "que ninguém pode verdadeiramente conhecer a si mesmo", também não há como deixar de registrar que o homem civilizado procura atingir o mais alto grau de perfeição, sentindo intuitiva e intimamente o reflexo em si de uma inteligência maior que a sua. E se, 'criação' que somos. queremos a transcendência, haveremos de recorrer ao depositório de experiência fornecida pela Dialética a serviço da Crítica.
Abandonar as conversões de proposições ou oposições, evitando-se a maior extensão de que realmente tem o predicado e o sujeito, não infringindo-se regras da dedução, será preterir o 'sofisma', privilegiando as premissas do raciocínio como recurso da argumentação. Recuperada a Lógica, a Crítica encontrará a sua razão de existência para poder seguir a espinhosa senda da humanidade.(Marcus Moreira Machado)
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