Não sei se é coisa da idade, da minha 'meia idade', que nem sei qual é a idade inteira. A verdade é que nunca estive assim, tão fatalista. Muito pouco eu acredito naquilo que leio nos jornais e na net, ou ouço no Rádio e na TV. A cada vez que um político -seja ele parlamentar ou ministro- declara a sua intenção de não prejudicar os trabalhadores, o povo em geral, é exatamente no contrário que eu creio. Não se trata de 'espírito prevenido' nem nada parecido. É que gato escaldado tem medo de água quente ou fria, tanto faz, sendo água.
Sempre que se fala em estabilização econômica, em espetáculo do crescimento, eu logo penso que vão estabilizar a nossa miséria e consolidar a riqueza deles, que é mesmo espetacular como eles 'crescem' a olhos vistos. E tenho motivos para raciocinar assim. Afinal, o fascínio de consumo fácil à parte, temos trocado seis por meia dúzia, há muito tempo. "Mulher de malandro", tem-se a impressão que aprendemos a gostar de apanhar e acreditar que foi a última vez que nos bateram. Rendidos a proxenetas da política nacional, somos sistematicamente seduzidos por vãs e vis promessas de dinheiro fácil, sem ao menos uma análise prévia desse 'jogo de sedução'. Habituados ao assombro por 'rótulos', qualquer nova 'marca' da economia nas prateleiras das salvacionistas estratégias cambiais nos convence de que tudo vai bem. Nem interessa a hipótese de que tudo esteja mesmo mal. Mas -insisto em meu vaticínio- como diria Seu Jorge a Ana Carolina, "só de for agora, minha Preta". O "agora" não dá mostra de existência à massa frenética dos "amanhã eu pago".
Eu, renitente, indago: não é admirável, cativante "descobrir" as engrenagens da taxa selic, da TR, do INPC, IGPM, da BTN+TR, TBF, UFM, da UPC e UFIR?!
Ora, ora! Quanto mistério, quanto sigilo no ar professoral de eminências pardas! Entende-se o porquê: é mesmo necessário o silêncio da "erudição", da "complexidade", quando a pretensão é tão-somente surpreender incautos. Enfim, governo que é governo, não governa, baderna! O quanto menos cada um de nós simples mortais compreender o incompreensível, mais fácil se torna garantir a imortalidade do poder.
É por esse motivo que eu ando em dúvida se abro uma empresa de consultoria de assuntos estratégicos para-governamentais (não seria uma Ong, não!) ou se monto um boteco. Pois, convenhamos, os grande problemas do país encontram solução frequentemente mais simples em qualquer mais ordinário botequim.
É a convergência entre o simples e o simplório. Coisa da vista fraca da meia idade. Deixa pra lá.(Marcus Moreira Machado)
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