Como se fosse num jogo de azar, o blefe na 'a-política' econômica brasileira é sinônimo da astúcia de seus apostadores. Criar expectativas é um ótimo negócio; para o parceiro, obviamente. E quem não tem cacife não pode jogar, é a regra.
Ingenuidade seria esperar comportamento diferente dos dirigentes do país. Pois, é forçoso reconhecer, o brasileiro, via de regra não está preparado para 'ser eleito'. O quê importa não é o voto do analfabeto, do 'menor'...e de quem mais quer que seja. Preocupante é a candidatura de tantos quantos tenham sido os "alfabetizados" em "idiomas" distantes da 'linguagem' nacional.
"O povo é burro" -é o que o próprio povo diz por aí. O mais irônico nisso: ninguém se achando 'povo', todo mundo culpando o tão vago quanto longínquo "outro". Os "outros" são despreparados; os "outros" são desinformados; os "outros" são alienados. Nunca, mas jamais a gente mesmo! E não pára por aqui. Tem mais: muito pelo contrário -dizem- o quê segura o Brasil é gente como a gente, ilustrada, capacitada, porém, desprezada, nessa absurda inversão de valores.
Ora, temos de admitir: santa hipocrisia!
Essa mesma hipocrisia que manda ao estrangeiro a própria pilhéria, como 'marca' de toda uma nação! E tudo para sermos forçados a ouvir a 'referência' sobre cada um e de todos nós: "É coisa de brasileiro...!".
Cada povo tem o governo que merece ou cada povo tem o governo que carece? Em nosso caso, insistimos na "necessidade" de eleger pessoas que representem a nossa confusão. Dessa maneira, um minoritário grupo de articuladores se incumbe de redefinir a nossa coletiva indefinição: ora estamos à "direita", ora estamos à "esquerda", em oblíqua visão de quem não a possui.
De que mal padecemos!? Por que esta baixa auto-estima a exaltar insinceras qualidades de elites intelectuais pretensamente ecléticas?! Qual crucial determinante nos obriga à condição de 'vítimas' deste que é o grande flagelo das civilizações, a ignorância?! Aqui, há vocação para a estupidez!?
Talvez haja explicação no reconhecimento de que existe dentro de cada um de nós, sem exceção, um insolente em latência, aguardando -no ciclo 'estímulo-resposta'- o momento para se 'realizar'. Isto "justificaria" tão evidente contradição. Afinal, de que outra maneira entender o brasileiro, aquele que protesta mas faz igual?! Certamente, o nível moral anda baixo. E nesse contexto, nenhuma economia que evite priorizar o equilíbrio na distribuição da renda nacional conseguirá outra coisa que não seja a manutenção desse 'conflito'. Só o acesso -pela melhoria do poder aquisitivo- a padrão cultural de bom nível poderá resgatar todo um povo, para colocá-lo além da fronteira da insolência, essa "pátria" do caos.(Marcus Moreira Machado)
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