Intelecto é entendimento. O intelectual é o abstrato; é o gosto das coisas, no que elas, ocultas sob um código e um nome, perderam sua cor. Por isso, o intelectual é sempre um tanto 'decepcionante', porque sua tarefa é a do desencantamento, inquietando ou suspendendo a crença espontânea no mundo. Ele se coloca contra o 'mistério' e afronta os 'ídolos'; é contra a superstição. O intelectual, ele mesmo não tem cor. E se lhe perguntarem de onde é, de onde vem e ao que pertence, exatamente, responderá que 'hábito' é o seu nome, que, possuindo língua própria, não tem outra verdadeira pátria senão a de suas idéias, só se reencontrtando nos grupos de espírito de sua escolha.
Não falta no mundo pessoas que se sentem filhos de um terra: homens e mulheres que se importam bastante em declarar a sua origem, isto é, um solo, um sangue, a raça.
O intelectual, se não está completamente privado de localização, o seu lugar é claro, o de uma nação aberta; nação complexa, da qual ele não cessa de atravessar, transcender e transgredir a fronteira. O seu local, pois, é de travessia. E a sua presença indica que a sociedade confere direito aos direitos do debate. A sua permanência reside na busca incessante do entendimento.(Marcus Moreira Machado)
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