Vida e morte são inseparavelmente unidas e pertencem uma a outra. Não há viver terrestre sem morrer e não poderia haver morrer sem um viver precedente. Por isso, não se pode aproximar isoladamente de um destes dois parceiros. Quem quiser compreender algo da vida dos homens deverá também pensar em seu ser-mortal; e quem quiser compreender a morte também será obrigado a se informar sobre a condição da vida humana. Porque, afinal, o homem geralmente morre incompleto ou esgotado e gasto.
Só quando consegue contemplar algo como algo, olhar para o adiante e lá se demorar contemplando e percebendo, só então reconhece um primeiro e estrutural traço do seu existir, um caráter que não pertence a nenhum objeto inanimado.
Da mesma forma que o existir e o morrer podem abrir-se à compreensão humana, assim também os homens são feitos de tal maneira que existem como um poder-perceber e um ser acessível para os significados de tudo que encontram no âmbito do mundo.
Fundamentalmente, os homens são, conjuntamente, um poder-perceber e ser-solicitável, para aquilo que encontram. Continuamente estão estendidos na amplidão do mundo, na medida em que há lugares dos quais algo a todos solicita como alguma coisa. Pois, certamente, jamais alguém poderia pegar e captar algo se não estivesse em mundo comum, junto às coisas, sempre como um poder-perceber e um ser-solicitável, onde tudo está de fato.
Pode-se dizer que a existência humana consiste nas possibilidades de relacionamento recebidas diante daquilo que aos homens solicita e os chama.
O morrer é uma possibilidade destacada do existir humano, por ser a mais extensa e não ultrapassável. A sua realização opera-se na existência que se abandona a si mesma. A morte dos homens é a possibilidade do não mais poder-estar-aqui. Contudo, esta extrema possibilidade faz parte da existência , e como tal é própria da essência, pertinente desde sempre ao próprio existir. (Marcus Moreira Machado)
Um comentário:
Certamente vida e morte são conceitos indissociáveis. Viver é de fato sentir-se suscetível aos fatos do mundo e poder alterar a realidade que nos envolve, dentro da nossa limitada capacidade mortal... A morte provavelmente encerre uma noção de vida um pouco menos limitada, por mais paradoxal que nos pareça...
Abraços.
Cristiano (www.ricardinhocristiano.blogspot.com)
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