Distingue-se o inconsciente na vida corporal e no espírito humano. Naquela, ele é a alma que dirige a finalidade orgânica, pois que o organismo é inexplicável como simples mecanismo; há o seu psiquismo, que é o inconsciente. A exemplo, os reflexos são movimentos de reação não esclarecidos tão-somente através das leis gerais da matéria; o princípio interior de um reflexo não pode ser senão espiritual e inconsciente. Igualmente, o instinto apresenta uma finalidade inconsciente; ele é atividade com objetivo definido, contudo, sem possuir consciência disso. Enfim, uma providência individual está presente em cada ser humano, na origem dos próprios fenômenos fisiológicos.
Já no que diz respeito ao espírito humano, ou à vida propriamente dita, são múltiplos os processos inconscientes operando na percepção, na formação dos conceitos, nos raciocínios. Por outro ângulo, o inconsciente governa os sentimentos. Assim, o amor é uma vontade a perseguir sem consciência um fim determinado; e o prazer é o eco das satisfações ou das contrariedades de uma vontade que se ignora (condição irrefutável, constatada a frequência da sensação de prazer em se consumar atitudes antes condenadas e antipatizadas; tudo a indicar claramente que a vontade visava mesmo fins diferentes daqueles apresentados pela consciência).
Toda a vida consciente é influenciada pelo domínio do psiquismo inconsciente -o regente, aquele que realmente governa no império dos sentidos.
Qualquer desejo de unir o inconsciente do corpo e o do espírito exigirá a definição da alma individual como a totalidade inconsciente e uma das funções orgânicas e psíquicas do ser humano.(Marcus Moreira Machado)
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