Em ti eu procuro parte esquecida de mim
-aquela perdida em eras passadas.
Tênue reminiscência traz relato de estranho fato:
não conheço ao certo qual o traço, perfil no meu retrato.
Na humana idade eu persigo todas que já tive
-outras, tantas, escapam ao império dos sentidos.
Em cada ínfima fração, é onde estás, por todo o meu corpo.
No abraço frenético de quem encontra na dúvida
imensa realidade ainda não revelada,
percebo reflexos de alma vigorosa, redescoberta.
Em lugares da minha ancestral imagem,eu quero estar:
encontrando caminho ao momento único,
resgatando nos sonhos a divindade da criação.
Em ti eu busco -ó, fraternidade!- os laços
da eternidade, na permuta sempre presente.
Não me pertence o meu espírito
mais que o teu a mim próprio.
Somos juntos o mosaico de única vida:
separados, ansiamos definitivo reencontro,
na promessa do alvorecer que o infinito encerra.
Em mim, parte esquecida de ti;
não és mais o que eu mesmo já fui.
Porque somos: de onde viemos e aonde iremos...!
Marcus Moreira Machado
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