REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
SÁBADO, 6 DE OUTUBRO DE 2012: "IMPESSOALIDADE E DESUMANIZAÇÃO"
No homem atual tanto a liberdade como a capacidade de pensar caírm de nível. As condições materiais a que estão submetidos os homens de nosso tempo o reduzem a tal ponto que a sua vida psicológica se acha fortemente prejudicada, e, mais ainda, a sua capacidade de fazer cultura. A luta pela vida, proveniente da insegurança do sistema econômico que torna a sobrevivência difícil, obriga as pessoas a se agregarem em número cada vez mais crescente em aglomerações de trabalho. O desligamento do ser humano para com aquilo que é o seu próprio chão constitui um atentado e uma violência contra a liberdade e, daí, contra a cultura. Esta sofisticação da atual vida urbana, com todo o seu moderno sistema de produção, roubou do homem a ligação com a natureza que é essencial à cultura. O excesso de ocupações é a regra básica na vida da maioria das pessoas. Os indivíduos não vivem mais como seres humanos, mas apenas como trabalhadores. E as consequências disto dentro do campo educativo são visíveis. Os pais não conseguem dar a devida assistência aos filhos, deixando de propiciar-lhes o seu natural desenvolvimento. Desta forma, os indivíduos, colaborando com o processo de produção ou sofrendo-lhes as consequências, tornam-se cada vez menos habilitados à cultura; tornam-se dispersivos, incapazes de fazer desenvolver a si mesmos.
Há um fenômeno em nossos atuais meios de comunicação de resultado altamente lesivo para o desenvolvimento da cultura. É a ação reflexa que os indivíduos - já dispersivos e incapazes de concentração - exercem sobre aqueles órgãos. Em vez de proporcionarem cultura, eles sucumbem à lógica de demanda: servem apenas a clientes sedentos de futilidades. Perdido o hábito de exercer a capacidade reflexiva e de criação, o indivíduo cria uma barreira em volta de si mesmo, impedindo a sua expansão enquanto ser. Passa, então, a viver com esta barreira. No trato com o semelhante resulta uma conversação em terceira pessoa. Dá-se valor a um assunto, não porque ele tem significado, mas porque ele é a notícia do momento. Não se procura aprimorar uma idéia e sim passá-la adiante. As pessoas não se encontram para se verem envolvidas diante de um ideal comum, mas para uma conversa sem maior comprometimento.
O trabalho especializado de hoje não fornece uma visão do todo. O trabalhador não tem mais o sentido de sua unidade, pois conhece apenas um aspecto daquilo que ele mesmo faz. O perigo espiritual das especializações atinge, de maneira particular, o ensino. Os encarregados de instruir a juventude já não possuem aquela visão universal que os habilite a fornecer aos jovens a conexão entre os vários ramos do saber.
Na impessoalidade do relacionamento humano, a primeira grande consequência é a total desumanização. Esta impessoalidade é fruto do isolamento. As pessoas se esbarram uma nas outras, mas realmente não se encontram. Falta, assim, muito pouco para a completa desumanização da vida. E isto é muito prejudicial para a cultura.
A necessidade de que estabeleçamos uma nova visão do mundo, a partir de nós mesmos se faz urgente, como urgente é romper com as interpretações vigentes, com a desnorteada realidade que nos cerca. É preciso revigorar princípios e idéias gastas, ultrapassadas. A regeneração da cultura só ocorrerá quando em cada um dos indivíduos se formar uma nova concepção de vida, para, em seguida, alcançar a orientação da coletividade. Sempre onde a coletividade exerce mais influência sobre o indivíduo do que este exerce sobre ela, instala-se a decadência. Sociedades - capitalistas ou socialistas - que desprezaram o raciocínio individualizado, conheceram ou conhecerão a tragédia da desorganização social, sucumbindo suas culturas.
É dentro de cada um, única e exclusivamente, que pode surgir o sentido da vida.
(Caos Markus)
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
SEXTA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2012: "EM MIM TUDO O QUÊ HÁ EM TI"
Agora falando sério, eu queria não falar. Eu queria nem sequer precisar falar.
Ficar quietinho em meu canto, tendo mil idéias e não colocando nenhuma em prática, num mundo meio altista, particularíssimo e indevassável.
Já dei de mim o que eu nem sabia que tinha.
Quis dividir sonhos com quem não admitia sonhar; construí moinhos de vento para quixote nenhum botar defeito.
Mas, fantasias... Só as com muito brilho e purpurina, no Carnaval.
Se ainda abro a minha boca (fecha-te, Sésamo!), é bocejo de muita preguiça.
Agora seriamente falando, eu quero acreditar só no que é verdadeiramente possível, e a curto, curtíssimo prazo.
Não se trata de desencanto, mágoa ou qualquer coisa parecida.
Alguns momentos de felicidade é o suficiente. Suficiente para mim, obviamente.
Não cresci nem diminuí. Talvez, eu esteja encontrando o meu real tamanho ou, quem sabe, o tamanho do meu mundo -o meu “Pequeno Mundo”, como em Hermann Hesse, procurando descobrir por que os homens vivem quase sempre perto da escuridão em cujas sombras podem se perder.
Quem sabe, na cosmovisão possamos todos alcançar aprimooramento social e individual.
Aquela história de que hoje é dia da caça, amanhã é do caçador, é sinônima da outra: "quem espera sempre alcança".
O que vale dizer: se eu me deixar ser caçado, esperando, ainda alcançarei, caçando.
Meramente frases de efeito, cujo impacto se dilui na relatividade de nossas existências.
Assim, nem vale mais um pombo na mão, nem vale dois deles voando. Nada de pombo! Chega de tímida esperança!
Por que não aceitar, no recato, a mansidão da vida por si mesma, assim meio Gibran, poética e liricamente falando (e fazendo)?
Se for para gritar palavras de ordem, então abaixo todos os inúteis discursos redentores, de todos os credos, de todas as cores e matizes ideológicos.
E, também, nem quero mais exclamar.
Ato falho, vez ou outra cometerei a imprudência de clamar no deserto: vício, só isso.
Aguardar, em premeditado silêncio, a voz que vem do coração. Sabendo que ela certamente virá, porque é o que costuma fazer e o que sabe fazer.
Se ouvidos moucos não a ouvem, que meus não sejam eles.
Ouvirei Taiguara mais uma, mais outras vezes, sempre que o drama insistir em duelar com o meu amor.
E, mais do que tudo, é exatamente isso o que pretendo fazer: amar. Amar, acima de tudo, além de tudo, e por isso tudo.
Agora falando sério, eu queria nem falar.
As minhas melhores palavras foram ditas nas piores situações, para pessoas que não foram nem isso; para gente que também queria falar, mas não de si e para si, e sim às multidões que qualquer coisa ouve e a tudo aplaude.
“Ouça um bom conselho, que eu lhe dou de graça, é inútil dormir que a dor não passa”.
Um outro sono, de sonho feito de encontros imediatos, na mais pura empatia.
Para que o pote no final do arco-íris, se o ouro está a nossa frente, bem ali nas múltiplas cores?
Ainda quero perguntar. E não me preocupar com resposta alguma. É possível, estou convencido disso, satisfazer uma perplexidade com sucessivas indagações ( a cada novo momento uma expectativa a menos).
Nem política do corpo, nem política ambiental, nem política.
É preciso um pouco menos de tanto mais a andar por aí, insistindo que eu, que nós, temos muito pouco de tudo.
Por que não decidirmos nós mesmos o quê e o quanto nos basta?
Volto aonde jamais eu deveria ter saído, à primeira e única descoberta que eu fiz: volto para mim, e e mim tudo o que há em ti.
Guardo a amizade do amigo que é coisa pra se guardar, conhecendo-me nas fronteiras que imaginei, no valor pequeno que toda fronteira tem.
Eu tenho a casa no campo, e não mais me importo em querê-la.
Tanto a quis para, afinal, entender que a casa e o campo não eram senão pretextos de um incerto querer.
Pretender não é um trecho de caminho?
Vou voltar, sei que ainda vou voltar.
Por enquanto, agora falando sério eu queria não falar.
(Caos Markus)
Ficar quietinho em meu canto, tendo mil idéias e não colocando nenhuma em prática, num mundo meio altista, particularíssimo e indevassável.
Já dei de mim o que eu nem sabia que tinha.
Quis dividir sonhos com quem não admitia sonhar; construí moinhos de vento para quixote nenhum botar defeito.
Mas, fantasias... Só as com muito brilho e purpurina, no Carnaval.
Se ainda abro a minha boca (fecha-te, Sésamo!), é bocejo de muita preguiça.
Agora seriamente falando, eu quero acreditar só no que é verdadeiramente possível, e a curto, curtíssimo prazo.
Não se trata de desencanto, mágoa ou qualquer coisa parecida.
Alguns momentos de felicidade é o suficiente. Suficiente para mim, obviamente.
Não cresci nem diminuí. Talvez, eu esteja encontrando o meu real tamanho ou, quem sabe, o tamanho do meu mundo -o meu “Pequeno Mundo”, como em Hermann Hesse, procurando descobrir por que os homens vivem quase sempre perto da escuridão em cujas sombras podem se perder.
Quem sabe, na cosmovisão possamos todos alcançar aprimooramento social e individual.
Aquela história de que hoje é dia da caça, amanhã é do caçador, é sinônima da outra: "quem espera sempre alcança".
O que vale dizer: se eu me deixar ser caçado, esperando, ainda alcançarei, caçando.
Meramente frases de efeito, cujo impacto se dilui na relatividade de nossas existências.
Assim, nem vale mais um pombo na mão, nem vale dois deles voando. Nada de pombo! Chega de tímida esperança!
Por que não aceitar, no recato, a mansidão da vida por si mesma, assim meio Gibran, poética e liricamente falando (e fazendo)?
Se for para gritar palavras de ordem, então abaixo todos os inúteis discursos redentores, de todos os credos, de todas as cores e matizes ideológicos.
E, também, nem quero mais exclamar.
Ato falho, vez ou outra cometerei a imprudência de clamar no deserto: vício, só isso.
Aguardar, em premeditado silêncio, a voz que vem do coração. Sabendo que ela certamente virá, porque é o que costuma fazer e o que sabe fazer.
Se ouvidos moucos não a ouvem, que meus não sejam eles.
Ouvirei Taiguara mais uma, mais outras vezes, sempre que o drama insistir em duelar com o meu amor.
E, mais do que tudo, é exatamente isso o que pretendo fazer: amar. Amar, acima de tudo, além de tudo, e por isso tudo.
Agora falando sério, eu queria nem falar.
As minhas melhores palavras foram ditas nas piores situações, para pessoas que não foram nem isso; para gente que também queria falar, mas não de si e para si, e sim às multidões que qualquer coisa ouve e a tudo aplaude.
“Ouça um bom conselho, que eu lhe dou de graça, é inútil dormir que a dor não passa”.
Um outro sono, de sonho feito de encontros imediatos, na mais pura empatia.
Para que o pote no final do arco-íris, se o ouro está a nossa frente, bem ali nas múltiplas cores?
Ainda quero perguntar. E não me preocupar com resposta alguma. É possível, estou convencido disso, satisfazer uma perplexidade com sucessivas indagações ( a cada novo momento uma expectativa a menos).
Nem política do corpo, nem política ambiental, nem política.
É preciso um pouco menos de tanto mais a andar por aí, insistindo que eu, que nós, temos muito pouco de tudo.
Por que não decidirmos nós mesmos o quê e o quanto nos basta?
Volto aonde jamais eu deveria ter saído, à primeira e única descoberta que eu fiz: volto para mim, e e mim tudo o que há em ti.
Guardo a amizade do amigo que é coisa pra se guardar, conhecendo-me nas fronteiras que imaginei, no valor pequeno que toda fronteira tem.
Eu tenho a casa no campo, e não mais me importo em querê-la.
Tanto a quis para, afinal, entender que a casa e o campo não eram senão pretextos de um incerto querer.
Pretender não é um trecho de caminho?
Vou voltar, sei que ainda vou voltar.
Por enquanto, agora falando sério eu queria não falar.
(Caos Markus)
domingo, 30 de setembro de 2012
QUINTA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO DE 2012: "O UTILITARISMO, LIMITAÇÕES AO AUTODESENVOLVIMENTO"
Para Sócrates como para Platão pouco progresso advém da comunicação direta do conhecimento.
Para eles importante era a capacidade de pensar, criando mentes capazes de formar conclusões corretas, de encontrar a verdade por si mesma.
Na definição de Platão, o homem é o “caçador da verdade”, sendo sim importante a busca e não a posse do saber.
Também pensadores modernos enaltecem a verdade desse mesmo princípio, como se observa na ponderação de Jean Paul Richter:
“Não é o fim, mas o movimento que nos faz feliz.”
A ruptura dessa apologia é consequência do exagerado realismo verificado na educação com o progresso científico.
De fato, o utilitarismo do conhecimento atual tem menosprezado a importância do autodesenvolvimento como princípio fundamental no processo de aprendizagem. E, sem dúvida, nesse sentido, o papel da escola é cultivar virtudes intelectuais.
Pois, o que é “disciplina, senão a antítese de “doutrina”?
O professor, assim, é detentor, de um corpo sistematizado de conhecimento, enquanto os alunos apropriam-se da parte dessa doutrina que mais condiz com as suas necessidades individuais.
É nesses contexto que, mesmo sendo a escola um reflexo do meio social de onde se originou, pode a sociedade ser reformada a partir da instituição, educacional.
É sempre a Educação democrática, porém, que viabiliza essa reforma, através do reconhecimento de habilidades, resultantes da prática inteligente e evolutiva, pelo estímulo do conhecimento e da compreensão, através da observação e do pensamento reflexivo.
Em toda a história da Educação há muito se tem procurado atender à educação de alguns, mas pouco se fez pela educação de muitos.
A igual oportunidade para todos, sem segregação de alunos em escolas apartadas, só é possível se observada como regra a função democrática da escola. Havendo separação dos poucos favorecidos com uma educação especial, prejudicada fica a solidariedade do corpo social.
Ao contrário, evitando-se a segregação, o processo educacional alcançará a socialização e a humanização dos futuros membros da sociedade, ao tempo em que todos estejam aprendendo juntos, podendo, também, aprender a convivência direta na mesma instituição.
Aliás, um sistema educacional de caráter verdadeiramente democrático é o que reconhece a Educação como direto natural de todos, dando a cada indivíduo a oportunidade de progredir no sistema, limitado apenas pela sua habilidade e pela sua operosidade.
A Escola , enquanto instituição intelectual, não deve, jamais, desvirtuar-se de sua função precípua nos seus esforços de suplementar outras instituições.
Para tanto, necessita considerar três aspectos do pensamento: o material, o espiritual e o humano.
Adestrar é uma coisa, educar é outra.
Como Educação, entende-se a soma da experiência individual com a experiência social.
Um país que faz uso apenas do conhecimento instrumental, em detrimento da formação, está, quando muito, preparando mão-de-obra, sem, contudo, iniciar seu povo no exercício da cidadania.
E como falar em civilização, levando-se em conta somente o adestramento?
Já doi dito que “toda educação é auto-educação”: o estudante aprende por meio “das suas próprias atividades”.
Se este princípio for posto em prática nas leituras, nas observações e nas reflexões sobre elas, o estudante terá a oportunidade de experimentar essa “auto-educação”, pois conhecimento é algo mais do que uma recepção passiva de informações minuciosas.
A própria personalidade é forjada no desenvolvimento de atividades e idéias adquiridos com a auto-educação.
O ser humano, vivendo em sociedade organizada, sob a responsabilidade do Estado, tem, pelo próprio progresso ao qual está destinado, o direito natural à educação formal na escola, pois não é outra a compreensão de 'sociedade civilizada'.
A Escola, como instituição formal de educação, tem um importante papel a desempenhar no desenvolvimento social do aluno: nela o ideal é a busca do conhecimento, entendida como comunidade, privilegiando, sempre, o crescimento mental do estudante.
É preciso, inescusavelmente, redefinir a palavra “intelectual”, apropriando-se do seu amplo sentido, a fim de, finalmente, a Escola assumir o seu papel de instituição intelectual.
(Caos Markus)
Para eles importante era a capacidade de pensar, criando mentes capazes de formar conclusões corretas, de encontrar a verdade por si mesma.
Na definição de Platão, o homem é o “caçador da verdade”, sendo sim importante a busca e não a posse do saber.
Também pensadores modernos enaltecem a verdade desse mesmo princípio, como se observa na ponderação de Jean Paul Richter:
“Não é o fim, mas o movimento que nos faz feliz.”
A ruptura dessa apologia é consequência do exagerado realismo verificado na educação com o progresso científico.
De fato, o utilitarismo do conhecimento atual tem menosprezado a importância do autodesenvolvimento como princípio fundamental no processo de aprendizagem. E, sem dúvida, nesse sentido, o papel da escola é cultivar virtudes intelectuais.
Pois, o que é “disciplina, senão a antítese de “doutrina”?
O professor, assim, é detentor, de um corpo sistematizado de conhecimento, enquanto os alunos apropriam-se da parte dessa doutrina que mais condiz com as suas necessidades individuais.
É nesses contexto que, mesmo sendo a escola um reflexo do meio social de onde se originou, pode a sociedade ser reformada a partir da instituição, educacional.
É sempre a Educação democrática, porém, que viabiliza essa reforma, através do reconhecimento de habilidades, resultantes da prática inteligente e evolutiva, pelo estímulo do conhecimento e da compreensão, através da observação e do pensamento reflexivo.
Em toda a história da Educação há muito se tem procurado atender à educação de alguns, mas pouco se fez pela educação de muitos.
A igual oportunidade para todos, sem segregação de alunos em escolas apartadas, só é possível se observada como regra a função democrática da escola. Havendo separação dos poucos favorecidos com uma educação especial, prejudicada fica a solidariedade do corpo social.
Ao contrário, evitando-se a segregação, o processo educacional alcançará a socialização e a humanização dos futuros membros da sociedade, ao tempo em que todos estejam aprendendo juntos, podendo, também, aprender a convivência direta na mesma instituição.
Aliás, um sistema educacional de caráter verdadeiramente democrático é o que reconhece a Educação como direto natural de todos, dando a cada indivíduo a oportunidade de progredir no sistema, limitado apenas pela sua habilidade e pela sua operosidade.
A Escola , enquanto instituição intelectual, não deve, jamais, desvirtuar-se de sua função precípua nos seus esforços de suplementar outras instituições.
Para tanto, necessita considerar três aspectos do pensamento: o material, o espiritual e o humano.
Adestrar é uma coisa, educar é outra.
Como Educação, entende-se a soma da experiência individual com a experiência social.
Um país que faz uso apenas do conhecimento instrumental, em detrimento da formação, está, quando muito, preparando mão-de-obra, sem, contudo, iniciar seu povo no exercício da cidadania.
E como falar em civilização, levando-se em conta somente o adestramento?
Já doi dito que “toda educação é auto-educação”: o estudante aprende por meio “das suas próprias atividades”.
Se este princípio for posto em prática nas leituras, nas observações e nas reflexões sobre elas, o estudante terá a oportunidade de experimentar essa “auto-educação”, pois conhecimento é algo mais do que uma recepção passiva de informações minuciosas.
A própria personalidade é forjada no desenvolvimento de atividades e idéias adquiridos com a auto-educação.
O ser humano, vivendo em sociedade organizada, sob a responsabilidade do Estado, tem, pelo próprio progresso ao qual está destinado, o direito natural à educação formal na escola, pois não é outra a compreensão de 'sociedade civilizada'.
A Escola, como instituição formal de educação, tem um importante papel a desempenhar no desenvolvimento social do aluno: nela o ideal é a busca do conhecimento, entendida como comunidade, privilegiando, sempre, o crescimento mental do estudante.
É preciso, inescusavelmente, redefinir a palavra “intelectual”, apropriando-se do seu amplo sentido, a fim de, finalmente, a Escola assumir o seu papel de instituição intelectual.
(Caos Markus)
sábado, 15 de setembro de 2012
QUARTA-FEIRA, 3 DE OUTUBRO DE 2012: "DIVIDIR NA MULTIPLICAÇÃO"

Na compreensão de que o homem só pode viver na terra (onde está a reserva da matéria e da energia que constituem o próprio corpo humano), pois dela deve retirar o que se lhe é indispensável para produzir; destinar essa mesma terra a alguns (como propriedade absoluta) e negá-la aos outros é, infere-se, dividir a humanidade entre privilegiados e miseráveis. Aqueles que hoje não possuem direito à terra só podem viver vendendo o seu trabalho aos que o têm.
Com efeito, é evidente que a "lei de bronze dos salários" (como assim chamada pelos socialistas) ou a "tendência dos salários para um mínimo" (na denominação de economistas) arranca às massas despojadas da terra, isto é, aos trabalhadores comuns que não podem produzir por conta própria, os benefícios de qualquer progresso social, por manter intacta essa injusta distribuição.
É óbvio, não detendo meios para empregar, eles mesmos, o seu trabalho (ou noutras palavras, a fim de serem os seus próprios patrões) esses trabalhadores são forçados (quer como vendedores de mão-de-obra, quer na condição de rendeiros da terra), a competir uns com os outros pela permissão para trabalhar.
Então, a terra que deveria multiplicar, é terra que divide até mesmo os miseráveis.
Essa disputa não conhece outro limite senão a fome, forçando os salários ao mínimo, ou seja, ao nível mais baixo em que se pode manter e reproduzir a vida.
(Caos Markus)
TERÇA-FEIRA, 2 DE OUTUBRO DE 2012: "O MILITANTE-PLACEBO"

O aliado mais fecundo da contra-revolução é o "gangster" pseudo-revolucionário: preguiçoso para o trabalho, aberto a todos os vícios e carente de escrúpulos, quase sempre principia sendo um delinquente vulgar, até que num belo dia descobre, com satisfação ingênua, que as suas imoralidades podem ser encobertas sob a capa protetora dos "atos de reivindicação social".
Então o roubo, o crime, a delação, a chantagem, e quantos delitos possam ser imaginados, tomam nomes eufônicos, com a condição de que sejam cometidos em nome de tal ou qual organização político-social.
Homem de ação, sempre que essa ação seja para satisfazer os seus desejos mais primários, não tarda em impor-se onde quer que encontre gente pacífica.
Para ele a revolução não é mais que um breve lapso de tempo durante o qual pode dar impunemente vazão a todos os seus impulsos, alimentar todos os seus rancores e conquistar suas apetências materiais sem o risco da 'justiça social', a mesma que afirma defender e que contra ele próprio agiria, caso a esse tempo tivesse os órgãos adequados à sua efetiva função.
Considerado sob os parâmetros da psiquiatria, este tipo é algumas vezes um débil mental associal e outras vezes um esquizóide. Porém, pode tratar-se simplesmente de um perverso, isto é, de um indivíduo sem 'super-eu', desprovido de discernimento para avaliar o valor ético (e por isso, um pseudo-mililtante), é capaz tão-somente de levar um 'existência animal', estupidamente ególatra.
(Caos Markus)
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
SEGUNDA-FEIRA, 1 DE OUTUBRO DE 2012: "HERDEIROS DO TRIUNFO"

Através do materialismo histórico foi rompido o método da 'empatia', até então utilizado pelo historiador interessado em reconhecer uma determinada época da civilização, por meio da acedia, isto é, da indiferença a tudo o que se soubesse sobre fases posteriores da história.
Na Idade Média, para os teólogos, a fonte da tristeza era a acedia, um torpor, por assim dizer.
E a natureza dessa 'melancolia' se torna mais evidente quando se indaga com quem os historicista entra em empatia. Porque a resposta é sempre a mesma, qual seja, a sua relação é com o vencedor. Afinal, todos os que triunfaram foram herdeiros dos que venceram antes: o legado da dominação.
Esse retraimento de sensações, emoções e comportamento, tendente a aceitar a vitória dos conquistadores como versão exclusiva, beneficia, obviamente, os próprios dominadores.
Para o materialismo histórico, essa é a chave do processo analisado.
Todos os que até hoje venceram participaram do séquito glorioso, no qual os atuais dominadores humilham, desprezam os corpos prostrados, inertes, dos dominados.
Os 'restos' são levados nessa procissão da vitória.
Esses despojos têm nome, são os chamados 'bens culturais'.
E o materialismo histórico os observa à distância. Pois, todos os 'bens culturais' que vê têm uma origem sobre a qual ele não pode pensar sem o estarrecimento presente.
São bens devidos não somente ao esforço de expressivos gênios criadores, mas também ao trabalho gratuito imposto a anônimos contemporêneos dessas criativas personalidades.
Por essa razão, todo monumento de cultura é ao mesmo tempo uma obra da barbárie.
De igual maneira, assim como a cultura não é imune à barbárie, desta também não está isenta o seu processo de transmissão.
Este o motivo, então, no materialismo histórico, da necessidade de se desviar desse caminho simplista, procurando, tanto quanto possível, o completo resgate da história.
(Caos Markus)
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
DOMINGO, 30 DE SETEMBRO DE 2012: "MORAL REFERENCIAL"

Não só na história da civilização como também na sua literatura, está presente o longo vigor do 'imoral' e do 'amoral'. No seu decurso, muitas são as mensagens a respeito, em referências várias acerca de pretendidas 'virtudes' da comunidade, numa ou noutra época.
Percebe-se, assim, que a concepção de caráter ao modo do século XIX, face a sua hipocrisia, parece não ter atingido a História.
O senso moral desse caráter é regressivo e repressor, sentimental e fundamentalmente equivocado, porque cruéis embaraços da moralidade pós-nazista, do nacional-socialismo, são encobertos por suas boas intenções.
A partir do exemplo que do caráter emerge a ética, não como virtude ou defeito, porém, enquanto particularidade e distinção de cada personalidade.
Cada uma traz a sua própria bagagem de valores e características, tanto quanto carrega a força duradoura do que, mesmo perdurando, pode não se prestar a outra coisa senão a prejudicar muitos indivíduos.
Abrangendo o caráter não só o bem mas igualmente o mal, ele mesmo está além do bem e do mal.
A sua integridade, pois, é tão-somente o padrão de suas partes entrelaçadas, mesmo este sendo seja pleno de tensões e duplicidade, em sugestiva ignominiosa contradição.
Por isso, a ideia moral da personalidade a impede ser vista de fato. A moral, esta sim é notada.
Nesta compreensão.inegável, a moral é questão de foro íntimo. O caráter a abrigá-la, ele mesmo não possui transparência necessária para afastar quaisquer dúvidas suscitadas, e possibilitar então evidências insofismáveis.
(Caos Markus)
terça-feira, 11 de setembro de 2012
SÁBADO, 29 DE SETEMBRO DE 2012: "GESTO E RECUSA NA FELICIDADE"

A única felicidade admissível pelo insubmisso: a que possa ser plenamente realizada.
Esta 'realização' se dará, então, com a vitória ou na luta.
Nessa compreensão, a ninguém é dado o direito de ignorar a dor alheia.
Porque não pode haver felicidade quando os demais sofrem.
Da contemplação do sofrimento, pensam alguns, advém uma certa sabedoria.
Não existe, entretanto, 'saber' onde impõe-se a vergonha em ser feliz sozinho.
Por isso, nas palavras de solidariedade deve-se encontrar a razão da revolta necessária.
Afinal, a vergonha em ser feliz sozinho é uma atitude de amor aos homens, e gesto de luta em todas as dimensões.
É ainda o eixo de uma recusa à eternidade bem-aventurada e distante da comunhão com toda a humanidade.
(Caos Markus)
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
SEXTA-FEIRA, 28 DE SETEMBRO:PRISMAS REVOLUCIONÁRIOS"

Duas são as possibilidades de analisar os movimentos revolucionários: como processos históricos e enquanto processos psicológicos.
Sob o primeiro prisma, a 'revolução' apresenta-se caracterizada por um período mais ou menos longo da história de um povo, durante o qual se produz uma sucessão de modificações na sua organização político-social, alterações consequentes da tomada do poder por minorias ousadas; ou mesmo por individualidades dotadas de grande força persuasiva sobre as massas; que, com um programa de ação relativamente bem definido no aspecto destrutivo e ainda obscuro no construtivo, tentam inovar na marcha da rota histórica, sempre suscetível de mudanças de direção, de inumeráveis dificuldades e, o mais grave, de revoltas sangrentas e de severas penalidades para uma ou mais gerações.Sob o aspecto psicológico, contudo, a 'revolução' é algo completamente diverso.
No caso, trata-se de uma crise existencial do espírito humano, da alma universal que, sentindo-se angustiada face a progressiva não correspondência entre seus anseios e suas conquistas, decide desnudar-se e libertar-se das estruturas e organizações inconvenientes e opressoras, para então, só e livre, perceber-se capaz de refazer sua personalidade autêntica e acertar o caminho a conduzí-la à paz interior tão desejada.
Se para o historiador uma 'revolução' é explicada como um problema de ordem pública, de intervenção no Estado e na sociedade, guarnecida por algumas datas marcantes e por disposições temerárias, já ao psicólogo é referência de uma fonte inexaurível de problemas e um abundante manancial de experiências convertidas, se aproveitadas, em incalculáveis ensinamentos.
Em comum a ambos, quer do ponto de vista histórico, quer do psicológico, íntimo é o sentido de uma 'revolução', qual seja, a consciência de um inadmissível desequilíbrio.
(Caos Markus)
domingo, 9 de setembro de 2012
QUINTA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2012: "CONEXÃO DIALÉTICA"

O marxismo não teme, conforme o contexto, evocar uma racionalidade, uma concepção positivista da ciência, ou até mesmo um irracionalismo voluntarista da violência, em teorias que se aliam à técnica totalitária da tomada e da conservação do poder, ou seja, à recondução da dominação.
Em antagonismo a uma história deduzida diretamente do conceito do materialismo histórico, sugestiva é a proposta de resgatar uma outra história, na qual as sequelas do sofrimento do passado permaneçam presentes em seus feitos.
A tradução do sofrimento em concepções universais e abstratas torna-o sem voz, desprovido de significado. Não se trata da piedade piegas de um suposto revolucionário qualquer, mas sim da real compaixão. É, então, o verdadeiro revolucionário compreendendo a conexão entre compaixão e política.
Aquele, ao contrário, exalta o sofrimento do povo e, ao mesmo tempo, o submete à mais cruel repressão.
Se a compaixão é um compadecimento, a sua efetiva identificação se perfaz com a angústia do indivíduo face o sofrimento alheio. Porque a compaixão encontra sua força no fato de estar unida a um ser particular, único, não podendo, assim, ser generalizada. Ela é uma tristeza que reconhece e compartilha o mesmo sofrimento dos demais, sendo levada, portanto, a querer o seu próprio fim.
A emancipação não é possível em termos gerais, tão-somente. Diversamente, pela compaixão, surge a liberdade do indivíduo, na medida em que é nele que se concentra o conflito entre a autonomia da razão e as forças obscuras e inconscientes que invadem esta razão.
(Caos Markus)
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