REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
SÁBADO, 19 DE ABRIL DE 2014: "DIFERENÇA NÃO É DESIGUALDADE"
Considerando os interesses e anseios de nossas sociedades serem regidos pela lógica economicista de mercado, onde o
domínio dos códigos escritos são elementos imprescindíveis à concorrência no mercado de trabalho, grupos historicamente marginalizados têm sua exclusão agravada quando não dominam tais códigos.
Não dominar o ler e o escrever, constituem-se num entrave ao ingressar no mercado de trabalho, impossibilitando que os sujeitos disponham de condições dignas de vida. Ou seja, o não acesso a graus elevados de letramento é um fator danoso para o exercício pleno da cidadania.
Mas, a dignidade, a cidadania plena, não pode estar restrita a valores de mercado, ou, até mesmo restrita aos direitos sociais.
É forçoso entender o exercício da cidadania não somente como algo restrito aos direitos legais, mas, também, ao direito de uma ‘cidadania cultural’. Esta tem a ver com uma educação que trabalhe a partir da valorização, a incluir o diálogo e o respeito, a negar e combater a padronização, lutando contra todas as desigualdades sociais já “institucionalizadas”
Ao tratar a educação popular sob uma perspectiva cidadã, há de a ela se fazer uma crítica, posto estar voltada quase exclusivamente à formação de ‘sujeitos-indivíduos’ para o mercado de trabalho. A escola, hoje, persegue os objetivos da lógica capitalista, priorizando pessoas mais facilmente adaptáveis à organização produtiva. A escolarização oferecida, muitas vezes, restringe-se apenas à formação de pessoas competentes e competitivas, ocupadas em sobreviver nos parâmetros do modelo capitalista de economia, desconsiderando as dimensões humana e social também componentes do desenvolvimento do ‘sujeito’ enquanto ‘ser humano’.
No entanto, em que pese o fato de vivermos uma época de crise na escola, é relevante considerar que o não acesso aos códigos escritos se revela como uma situação de disparidade no interior dos segmentos sociais onde a escrita e a leitura surgem como bens relevantes. Assim sendo, não há como negar, o acesso à escolarização formal, hoje, torna-se elemento imprescindível na conquista de uma cidadania plena.
O saber escolarizado é entendido, então, como um ‘bem’, um ‘valor’ no qual os sujeitos têm acesso aos conhecimentos construídos e acumulados historicamente pela humanidade, podendo inserir-se nas práticas sociais e culturais que exigem e requerem o domínio de determinadas habilidades.
A questão, contudo, aqui não é simplesmente considerar que os conhecimentos ensinados na escolarização formal não são o aspecto mais importante a ser privilegiado. Antes, significa percebê-los como uma das dimensões do processo de escolarização. Assim, o acesso aos saberes no âmbito da cultura geral constitui-se num direito de cidadania, proporcionando participação e inserção nas ‘práticas de uso’ da leitura e da escrita, além de outras cognições.
Convém definir o ensino enquanto ‘vocação cidadã’, à qual cabe a função de formar os sujeitos para a sua realização pessoal, a alcançarem o reconhecimento de ‘si mesmo’, e dos outros, como pessoa humana possuidora de direitos e deveres, garantias de seu bem-estar, identificando os processos construídos, conducentes da sua desumanização, buscando, num constante agir-refletir, a superação de tornar os sujeitos como coisas, alcançando a autoconsciência e a conscientização como valores da pessoa humana
Uma pedagogia cidadã inclui a capacidade de ‘pensar-se a si mesmo’ sem o auxílio de outrem, de ‘governar-se a si mesmo’, ou seja, relaciona-se com ‘autonomia’.
O exercício da cidadania está condicionado à autonomia, compreendida a escola como instrumento privilegiado nesse processo.
A Educação não deve estar voltada apenas para a formação de sujeitos competentes e competitivos para o mercado; antes, deve ser rechaçado um ensino cujo saber utilitário se vincula apenas à formação para a concorrência.
O idealizável é a Educação enquanto mecanismo de conscientização e de conquista de condições dignas de vida, constituindo-se num elemento importante na luta pela efetivação e garantia de uma sociedade menos desigual e com melhores oportunidades para todos os que dela fazem parte. Assumir, pois, a compreensão da cidadania como um direito inalienável de todo ser humano, condicionada a fatores como o ‘poder participar’ na sociedade através da inserção em práticas sociais envolvendo a leitura e a escrita.
Dessa forma, os sujeitos poderão integrar-se ao mercado de trabalho, visando alcançar melhores condições de vida.
Com efeito, a cidadania requer a garantia dos direitos dos cidadãos, face as condições imediatas da vida em sociedade, por estar relacionada à capacidade dos sujeitos se desenvolverem como pessoas autônomas; no exercício do diálogo, o meio essencial numa perspectiva de valorização da vida humana.
Tudo isso implica em saber ouvir o outro, saber conviver com as diferenças de modo a aprender que ‘diferença’ não implica em ‘desigualdade’, nem em desvalorização.
(Caos Markus)
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