Se existe esperança concreta, ela não reside na ignorância. Olvidar a trajetória do ser humano na terra, toda marcada por laivos e conspurcações, é reafirmar uma falsa superioridade da raça, em obliterada presunção. Pois, os fatos históricos não admitem a inocência, sendo mesmo o registro da perfídia como que o nosso único atributo.
Passados já tantos séculos de civilização, desprezamos, ainda, a "civilidade" como regra primeira da cidadania. Opostamente, tem havido constância no predomínio da barbárie, quando a crueldade é dissimulada em ordenamentos que nada têm de sociais, porque não propiciam a extensão de vantagens particulares à sociedade inteira.
Por isso, esperar de um projeto político a redenção da humanidade é crer na improvável hipótese da existência de alguns poucos homens melhores que os demais. Nesse caso, ainda é mais prudente traduzir "carisma" por uma "faculdade sobrenatural"; e, definitivamente, nesse sentido nenhum líder a tem.
Quando muito, aqui e ali despontam dirigentes mais hábeis em psicologia das massas, o que de fato é mais carreado para a manipulação pura e simples do que para a condução honesta e progressista.
Mesmo em se tratando de alguma mudança operada no estado psicológico de homem contemporâneo, essa evolução não significa exatamente progresso. Antes, o que se constata é a sua redução aos estreitos limites do egocentrismo, a gerar a mais significativa frustração do indivíduo perdido em si mesmo. Por isso o paradoxo da solidão moderna, quando aqueles que só amam a si mesmos odeiam estar consigo mesmos.
(Caos Markus)
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