REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
QUARTA-FEIRA, 30 DE JANEIRO DE 2013: "PARLATÓRIO E FALATÓRIO"
Nos bares e nas padarias, nas praças e nos clubes, onde haja mais de uma pessoa, enfim, o assunto é sempre o mesmo, a mania não muda; é quase um cacoete (ou, quem sabe, uma catarse coletiva) falar, opinar, bradar, protestar, admitir, negar, sugerir sobre tudo quanto foi, é ou será um grande, um inédito e pomposo escândalo - no Planalto, na planície, no Palácio... E tome CPI! CPI, aliás, virou logotipo, marca, rótulo, não passa de uma sigla.
Você já percebeu como virou também moda denunciar? Denunciar o Presidente, o Governador, o Vereador, denunciar o irmão, o pai, a mãe, e o vizinho mais próximo quando não se tem quem denunciar. Comentar maldosamente que o fulano não trabalha, que ele vive de contrabando de muamba do Paraguai, é agora um exercício de cidadania, tanto quanto descobrir quem pegou a grana do INSS ou coisa do tipo. Saco! Nós nos tornamos um bando de fofoqueiros. E, pior, tudo em nome da mais cândida democracia!
Por isso essa minha indisposição para falar com seriedade, quando a pauta do dia é sempre mais o banal, a vulgaridade. Quisera também eu poder legislar, uma única vez, para proibir o lugar-comum da crescente invasão da privacidade alheia. A televisão, o rádio, a Net - em bárbara disputa por "audiência" - não fazem outra coisa senão expor a miséria e a humilhação, promovendo um incerto gigantismo das atrocidades, enfatizando os horrores, como em versão moderna dos circos mambembes medievais que buscavam atingir o público com exposição de xifópagos e das mais variadas aberrações do gênero humano. A privacidade do noticiado, a minha e a sua privacidade, estão escancaradas em nome de uma cínica liberdade de imprensa que nem liberdade sabe o que é, que corrompe o espectador com a falsa idéia de que está protegendo-o da corrupção, com a mentira de que ele é convidado a participar, quando não quer outra coisa senão devassar o particular, no pretexto de que a sociedade civil organizada clama por centenas, milhares de cidadãos-fiscais-denunciantes. O antigo parlatório cedeu lugar ao atual falatório.
(Caos Markus)
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