REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
domingo, 11 de novembro de 2012
DOMINGO, 25 DE NOVEMBRO DE 2012: "EDUCAÇÃO, A JORNADA DA ÉTICA"
Ensinar o aluno, em sala de aula, a conquistar o seu espaço na sociedade, interdiscipliná-lo, auxiliá-lo a construir um caráter que frutifique seus anseios e ideais, porém, que esteja sedimentado na ética e na moral que conduzem uma sociedade.
O preconceito linguístico não é o único problema que enfrenta o sistema brasileiro de ensino nos bancos escolares, mas certamente é o mais significativo, responsável pela principal parcela de alunos que desde a tenra idade constituem-se em molde de introspecção e daí em diante, consomem-se frente a uma sociedade inerte, paralisada nos valores que a própria exclusão construiu.
Apelemos então para o bom senso e sigamos rumo ao entendimento lógico de que a variação linguística presenciada nas salas de aulas não personifica a identidade de cada aluno separadamente; ali está o todo de uma sociedade caótica, eruditamente.
Difícil explicar aos alunos que suas pronúncias são incoerentes e que tais frases verbalizadas, se escritas tornariam o detentor delas ridiculamente fora dos parâmetros normais de nosso idioma, se os nossos próprios autores de outrora se valiam dessas diversidades linguísticas para, em forma de protesto, mostrar às quantas iam, a evolução social de nosso país frente a uma inconsequente mas desenfreada descentralização social.
Ou será que o nobre Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) foi tão infeliz ao relatar em seus dignos contos como se construíam as vielas e ruas mal terminadas que conduziam os menos afortunados aos morros fluminenses?
E por que não comentar sobre o êxodo social externado na obra “Cidades Mortas”? (Obra de José Bento Renato Monteiro Lobato (1882-1948), em que o célebre escritor ironizava a decadência de um povo sofrido e acometido do mal da exclusão social em uma época em que a moda paulistana era a europeização).
Como tratar problemas sociais de hoje sem voltarmos às nossas origens? E quando nos referimos a tal reflexão, emerge uma outra ordem de pensamento.
Qual o significado de nossas instituições não valorizarem a história de nosso povo, desde o “achamento” à contemporaneidade? Enaltecerem as obras literárias, não como critério seletivo de vestibulares? Qual será o real sentido da gramática ensinada nas salas de aula, utilizada como fundamento à norma culta, se professores não se dão ao trabalho de explicar a sua origem?
Eis o dilema: se os poetas e escritores podem, alunos não poderiam, também? Se os educadores não resgatarem os valores históricos, a explicarem o surgimento de tamanha diversidade gramatical, igual ou superior a própria diversidade linguística, como exigir dos discentes a continuidade e a manutenção da formalização
linguística?
É viável o esclarecimento. Entretanto, seria profícuo uma sociedade esclarecida, ou o preconceito, em diferentes esferas de atuação?
Não poderemos falar em compromissos administrativos ou mesmo pedagógicos relacionados a estes problemas, porque não se trata de um simples ou efêmero assunto de discussão no processo da Educação contextualizada.
É mister a elucidação das condições que identificaram a personalidade do povo brasileiro, que margeiam a história de uma nação e, mais do que isso, que pode ser alcançado como um traço característico de nossa colonização, tão diversificada.
Entender a história não é apenas estudá-la, seja de forma antropológica, seja mesmo na simples ação de pesquisa cronológica.
A história de um povo deve ser sentida filosoficamente pelo pesquisador, deve ser trabalhada reflexivamente de forma sociológica; e por último, analisada em seus mínimos detalhes no tocante às mudanças de comportamento social estabelecidos em cada época para que identifiquem-se fatores transitórios, bem como os seus efeitos.
O povo brasileiro, miscigenado (fato que ainda sugere estudos mais aprofundados de reconhecimento e aceitação, por parte de nossa sociedade); que assume a resignação de uma autoflagelação social, pouco comprometido com a educação; detentor de um berço político que preza pela elaboração de leis e decretos sem conteúdo significativamente explicativo; ainda necessita de valores externos para edificar as suas realizações como nação, pois não possibilitou aos seus filhos da terra, no decorrer dos anos, a real conceituação e o reconhecimento de seus valores.
Como resolver a questão da socialização se todos os heróis nacionais são politicamente corretos, principalmente em relação aos seus hábitos costumes e também, na maneira de falar?
José Joaquim da Silva Xavier (1746-1792), o “Tiradentes”, não era mineiro? Não se expressaria ele em pleno século XVIII, com os mesmos vícios linguísticos que hoje presenciamos em alunos de escolas mineiras, em regiões isoladas do Estado?
E o famoso baiano Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), que embora tenha brindado o cenário literário de nosso país com seus textos abolicionistas, tornando-se uma das figuras mais respeitadas de nossa Literatura, nunca deixou de se expressar verbalmente com traços característicos de sua região?
A Educação brasileira precisa estabelecer domínio de nossa própria cultura e tradição, entendê-las em sua diversidade, aceitá-las e estudá-las, e finalmente desenvolver o respeito mútuo por aqueles que iniciam as suas atividades escolares, mas que já estabelecem contato com a educação no seio familiar, trazendo de lá muitos vícios e variações na língua.
Corrigi-los, sem explicações? Não. Introduzi-los, sim, no campo social e fazê-los entender a grandiosidade dessa diversidade linguística que chega a ser uma espécie emblema em nossa história.
E a Educação, por intermédio de seus administradores e educadores, precisa estar compromissada com esse ideal tão fomentado pela sociolinguística contemporânea.
Com efeito, infere-se, o movimento de aprimoramento ético e moral de nossa sociedade necessita embasamento tão somente na educação, desde o seio familiar aos bancos escolares, com a valorização do ser humano, indivíduo etnicamente brasileiro, em plena etapa de sua jornada educacional.
(Caos Markus)
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