"De norte a sul, de leste a oeste, o povo grita Luis Carlos Prestes". Milagre, distensão e abertura. Do Ato n. 5 à rearticulação partidária; do silêncio à explosão das manifestações -espontaneamente (des)organizadas.
O ano: 1979. Nesse final de década, um nova cena: a emergência das reivindicações populares; agora, de próprio punho, com energia de postura, parecendo desconfiar dos paternalismos.
A 'Anistia', ainda longe de ser ampla, recebe os exilados, aguardados, festejados.
É o panorama de um momento crítico, com projetos em disputa se delineando, enquanto o Estado enfrenta a crise buscando assegurar a iniciativa política, decretando a sua singular e particularíssima democracia.
Nas oposições, diferenças à tona, com o debate revigorado.
Em meio à intelectualidade, as divergências (latentes durante toda a década) chegam à imprensa.
Odaras e ortodoxos, desbundados e reformistas, radicais e populistas... As acomodações definem-se através do redimensionamento da tríade intelectual-Estado-povo.
Nos apelos das Agências Estatais de Cultura e na efervescência da retomada dos movimentos de massa, balançam e equilibram-se pensantes (e nem tanto) de todos os matizes.
É a liberdade à solta.
Bancas e livrarias renovam estoques, com autores de 'depoimentos e memórias', obras de liberais, militantes e militares. É chegado o momento da pergunta mineiríssima de Gabeira: "Que é isso, companheiro?".
Nos anos 70, bastava saber-se o quê não se queria.
Nos anos 80, 'há que se revelar o quê se pretende'.
Hoje, já virado o século XX, a mesma crucial questão: venceu a cultura estatal ? Ou seus adversários conseguiram aprisionar a 'liberdade à solta' impondo-se culturalmente?
O quê de fato ainda hoje presenciamos não é qualquer proximidade entre povo e Estado, através de pretendida cultura social.
Os intelectuais... Estes, ou mal sobrevivem nas periferias ou alimentam-se das sobras do poder constituído (central e centralizado, pelo eixo), serviçais da cultura "oficializante".
E por que haveria de ser diferente, se essa gente está tão diferente, está pra lá de pra frente, já não se reconhece mais!?
(Caos Markus)
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