Diante da morte de outrem, a reação humana comporta, geralmente, dois momentos. O primeiro está vinculado à idéia de que a morte -como tudo o que acontece no Universo- deve ter sua justificação racional, uma mera verificação científica que não exclui, sobre outro plano, a mais profunda simpatia pela alma fragmentada com a sofrida separação.
Para além desse primeiro movimento espontâneo, surge um outro, característico da fé, apto a transfigurar a morte, amando e adorando o que anima e dirige a vida. Então, a morte já não é outra condição, outro estado, senão uma das manifestações desse movimento poderoso e profundo da vida, a ser amado em sua integralidade, porque é movimento que vem do divino e ao divino se dirige; é redenção que retira dessa morte a ferida, para quem quer que viva ou pelo menos levante o seu olhar para esse meio divino.
Nesse segundo momento, a confirmação: de que o grande triunfo da criação e da redenção é o de ter transformado em fator essencial de vivificação o que, em si, é um potencial universal de diminuição e de desaparecimento.
Daí, não há outro, apenas um cuidado interior dominante, qual seja, o de bem findar, isto é, encerrar fazendo concordar o último ato com a soma dos que o precederam e prepararam.(Marcus Moreira Machado)
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