O homem contemporâneo procura preencher o vazio da sua existência através da crença no poder e no triunfo da tecnologia, guiado pela ideologia do consumo, em mórbida obsessão dirigida à eficácia dos meios. Condição e situação que o levam ao mais execrável desinteresse pela questão da racionalidade e da humanidade dos objetivos.
Assim, de tanto racionalizar os meios, esse ser torna-se irracional em relação aos seus fins. Tem-se a impressão de que está construindo uma sociedade onde ele será livre para fazer tudo, mas onde não terá nada para fazer; e que, por consequência, ele será livre para pensar, entretanto, não terá mais nada para pensar.
O que se nota é que neste momento histórico, já desprovido da sensibilidade espiritual, a neutralidade ética desempenha função absolutamente mistificadora de respaldo ideológico desse modelo social. Com efeito, por sua indiferença à construção de um projeto coletivo a todos os homens, e por seu ceticismo ante transformações verdadeiramente humanas da sociedade, a ciência entendida como neutra apenas contribui -pelo seu incomensurável poder- para o acréscimo e o reforço não somente da alienação generalizada, porém, com a eficácia alienante dos processos naturais na história da civilização, na perspectiva das estruturas sócio-culturais existentes.
Sem dúvida alguma, uma sociedade que prioriza ciência desse naipe, dela fazendo apologia, não faz outra coisa senão privar-se de um enorme potencial de consciência crítica.(Marcus Moreira Machado)
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