Já superamos o estágio em que poderíamos confiar em alguma inexplicável virtude do nosso caráter nacional para nos tirar de dificuldades, a não ser que forneçamos a esse caráter mais uma oportunidade de exibir essa sua enigmática virtude.
Se mantivermos o capitalismo como base de nossa economia, então devemos realizar nosso sistema dentro das categorias da lógica que dele decorre. Para isso, teremos que manter uma sociedade aquisitiva dominada pela oferta e pela procura em termos de lucro nacional, igualmente. Os propósitos do poder governamental, no caso, servirão à necessidade dos que possuem os intrumentos de produção a fim de obter lucros.
Nestes termos, tanto as mercadorias que produzimos quanto as regras de distribuição devem ser assentadas pelos hábitos sociais que um sistema capitalista impõe. Podemos, daí, corrigir seus resultados em conformidade com os hábitos da democracia, até o ponto exato em que não seja atacada a exigência central do capitalismo, que é a possibilidade aos capitalistas de produzirem exclusivamente visando o lucro. Todavia, se essa correção for levada a um grau em que a capacidade de lucro torne-se inexistente, ou abandonamos o capitalismo ou deixamos a democracia. Porque não conseguiremos tirar proveito de dois mundos cujos princípios básicos estão -reciprocamente- em contradição.(Marcus Moreira Machado)
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