O Brasil não precisa de presidente; precisa é de um flautista, e de um flautista mágico. Não mentiram quando disseram "um elefante incomoda muita gente...". Mas incomodam muito mais os ratos que põem inerte toda uma manada de paquidermes. E como temos ratos! Se fossem camundongos adestrados no condicionamento de Pavlov, o país ainda estaria sob controle; não importaria a apatia dos proboscídeos estarrecidos. No entanto, motivo de grande preocupação, antes, é a profusão de ratoneiros, a confirmar o provérbio -"a montanha deu à luz um rato". Eles todos em sucessivas promessas pomposas de ridículos resultados. Então, precisamos mesmo é de um flautista e não de um presidente. Não a flauta do " 'Seu Bartôlo tinha uma flauta, a flauta era do 'Seu' Bartôlo "; porque dessa já tivemos e até nos cansamos de cantar "toca a flauta 'Seu' Bartôlo", em desafinada melodia (ainda mais sabendo que "isso em mim provoca imensa dor, porque os desafinados também têm um coração"). Chega de samba de uma nota só. A garota de Ipanema nem vai mais à praia, nem quer o escurinho do cinema (trevas nunca mais!). Acendam a luz, vamos ouvir a sinfonia de pardais no trinado dos bem-te-vis da praça é nossa como o céu é do avião, gorgeando e caetaneando em puro tupy-Guarany de Carlos Gomes, no ABC de Castro Alves.
Aflautemos o hino pátrio, na mais original tradição da mocidade independente de vigários gerais. Afinal, para que 'spalla', em coro de atabaques?! Hein?! pobres moços! Ah, se soubessem o que eu sei! Mas as rosas não falam. E eu cá, fico quieto, incapaz que sou de tirar coelho de cartola. Que fale Gregório: "- Há coisa como ver um paiaiá? Mui prezado de ser Caramuru/ Descendente do sangue de tatu/ cujo torpe idioma é Cobepá?".
Um tocador de pífaro -em meio ao repentismo congressista- ia bem melhor que um blues. Ou Cleópatra também não ninou ao som de "aulete"? Pois não é este um país da fatalidade? Merece uma fábula, portanto. A raíz grega é a mesma, e dela o "fatum"latino a indicar o 'brilho' (a rainha egípcia teve um romano cesar a seus pés, eis porque eu acredito em fadas e duendes, em magos e lulas).
Hammer ainda virá... Mil e uma noites já se passaram; estivemos náufragos como Crusoé, quando um outro cesar buscava em Swift inspiração para as sua viagens em férias ao fantástico primeiro mundo de Julio Verne; e foi quando vieram os vis roedores juntar-se ao nativos ratos. O rato roeu a roupa do rei de Roma; a aranha arranha o jarro, o jarro arranha a aranha. Mas Hammer virá!
E no clamor do pedido 'música, maestro!', ao primeiro toque, saberá que aqui tudo é sarro, que viver na flauta é hábito das gentes daqui, que dançam conforme o jogo de cintura. Quem sabe venha também Andersen? Ao menos um futuro garantido, os meninos de rua ouvindo as suas histórias, e descobrindo que nenhuma criança nasceu para morar em esgoto; que é para lá que eles próprios ainda levarão a podridão planaltina.(Marcus Moreira Machado).
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