Apoiados pela cumplicidade de uma enferma e 'inexorável' multimídia (apêndice da intelectualidade arrogante), os "mestres" modernos projetam-se uns aos outros, em restrita confraria dos "bem dotados".
Não raro, o irrealismo desses apóstolos da nova era surge como imposta e messiânica redenção de miseráveis hordas, todas exortadas à prática de teorias em tudo alienígenas ao próprio meio e avessas à tradições que lhes são intrínsecas.
Esse oportunismo do elogio mútuo consagra normas irreais como legítimas, calcando na subserviência a "respeitabilidade" da falsa liderança, ícone de verdadeira apostasia.
Como em terra de cego quem tem um olho é caolho, poucos ainda conservam ingenuidade e autenticidade para exclamar "-O rei está nu!". Via de regra, ao contrário, a má índole é acobertada por láureas, num duvidoso mérito de academicismo.
Ante tal contexto, preferível o "Elogio da Loucura", de Erasmo de Roterdam, mordaz, em contraposição ao descaramento e à imprudência dos 'cínicos' contemporâneos. Pois que determinadas loucuras não são mais que o absurdo e caótico se revelando em interstício de lucidez. Cultuar essa normalidade esquálida, em incontroversa aceitação, é admitir anônima neurose como regra inalienável; é eleger o elogio mútuo corifeu de nossas individualidades.
Necessitamos tanto de um discurso sofista quanto de quinze minutos de fama. Esta, como tão bem expressou o gênio da pop-art, Warhol, faz tempo já a conquistamos. E agora que o futuro chegou -possibilitando a simultaneidade de fatos, opiniões e interpretações- não há mais lugar para sujeição ao minimalismo elitista.
Por efeito, aproveitar o quê há de melhor em todos os sistemas políticos, jurídicos e artísticos, será encontrar no ecletismo reformulação básica de 'democracia' -entendida, aqui, como protagonização ampla e individual, muito acima de insistentes coadjuvantes dessa ignominiosa "Nova Escola do Elogio Mútuo".(Marcus Moreira Machado)
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