Quando e quem apagou a memória dos brasileiros? Haverá alguém capacitado e disposto a recuperá-la? Senão, vejamos. A História do Brasil tem seus maiores personagens, seus grandes mitos todos desnudados e reduzidos a incalculável insignificância, só comparável à rede de intrigas e corrupção hoje tão evidente nos governos ditos de "representatividade democrática". Tudo leva a crer que reminiscência é algo tão fugaz quanto 'liberdade'; algo assim, como "uma calça jeans velha e desbotada". E se toda unanimidade é burra, pode até nem existir a tal da "representatividade democrática", já que costumeiramente a maioria vence a minoria apenas pela força da 'quantidade', mal entendida como "pluralismo", porém, apenas e nada mais que 'mutidão' (re)organizada. De resto, haveria, sim, meia dúzia de argutos e exímios articuladores, manipulando a bel-prazer a (des)informação; carregando, enfim, a política engendrada como quem adquire personalidade jurídica de 'sociedade limitada', com variáveis conotações, conforme as regras de um 'mercado paralelo' ao real interesse público.
O suporte dessa ficção é a própria "industrialização" da miséria, tornando, por efeito, indispensável a habilidade de "messias" nacionais, que, entronizados, dessa mesma miséria se alimentam. E como é voraz o seu apetite, a "salvação" não pode jamais ter fim, sempre requisitada sob o pretexto da 'manutenção' dos valores democráticos.
Afinal, é sempre mais convincente, persuasão irrefutável, uma grande mentira do que uma pequena verdade. E, por isso, a alardeada "opinião popular" reflete, via de regra, em na maioria o cinismo de uma minoria. Explica-se, assim, o gosto pelo trágico, a admiração ao vil. Compreende-se, com efeito, a dualidade 'recusa-aceitação' tão comum nas urnas dos "referendos" eleitorais. Não causa surpresa o gosto pelos escândalos em compasso de calípso, timbre de bolero, acordes de rumba e milonga. Ser independente é condição que de fato poucos desejam, pois isso exige, no mínimo, convivência com um verbo -'pensar'. E pensar às vezes (muitas vezes) dói. E dói tanto, que há quem prefira (e muita gente prefere) 'não pensar' e deixar para que outros o faça, em seu lugar. E como não pensam, não percebem o quanto facilitam o caminho de tantos queiram disso se aproveitar. E sem dúvida nem cerimônia, é fantástico o proveito dos que se aproveitam!(Marcus Moreira Machado)
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