Nada de novo acontece. Está tudo fora do lugar, como sempre esteve. Todos prometendo e ninguém cumprindo. O futuro chegou faz tempo, ele já não causa espécie. No Brasil, estamos de volta ao passado. Em breve instante, tudo já aconteceu: a Independênca e a República (a "Velha", duas vezes a "Nova"); Getúlio, os militares depois, os civis agora como outrora. Salvador, Rio de Janeiro, Brasília, cana-de-açúcar, café e cimento.
Calendário, agendas permanentes serão um bom presente? Será bom, compromisso marcado em país tão incerto?
Cá, o tempo varia. E tanto, que ampulheta nunca seria de exato formato, entre nós; provavelmente, ela teria alterada uma de suas bocas, comportando muito mais areia na parte de cima, estrangulando o tempo, impedindo-o de se deslocar à parte de baixo. Aqui, a pontualidade inglesa só existe na saída, nunca no horário de chegada. E isso, até porque nós, o brasileiros, somos todos atletas, ainda que não atléticos, todos correndo contra o tempo, batendo, superando recordes, num surpreendente despreparo físico na maratona contra a penúria.
Verdade, São Gregório não conhecia o Brasil. Por isso, em se tratando de datas, para nós o que de fato sobrevive são as calendas gregas, ou, o "Dia de São Nunca".
Nada mais condizente num país onde parece que estão a falar grego, onde os presentes são de grego, onde olímpicos nativos erguem a tocha para "alumiar" os dias 'noturnos' da eterna noite.(Marcus Moreira Machado)
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