Eu sou um vendido. Por 30 moedas me vendi. Logicamente, cuidei de considerar o câmbio oficial e o paralelo, cotando o meu preço no maior valor do euro. Mais eu confesso: antes, me dolarizei. É imoral -dizem- alguém se vender. É ilegal -afirmam- pactuar em moeda estrangeira. Pois bem, dos males o menor: a moeda do Tio Sam serviu apenas de referencial, desagravando o meu delito-pecado. Nem bem atulhei os meus bolsos e já procurei uma empresa de "turismo" (dinheiro viaja também!), para nacionalizar (em reais) a minha economia, é claro, e não porque pensava em comprar passagens aéreas para algum paraíso no Caribe. Pois, nós sabemos, empresas desse naipe apenas promovem o inédito turismo pela ciranda financeira tupiniquim. Mas isso não interessa, eu nada tenho a ver com a vida alheia. Não que eu costume ficar "em cima do muro" ou coisa do gênero; muito pelo contrário, eu quero mais é derrubar todo e qualquer muro, para que não mais exista o tamanho pequeno de um 'lado direito' e um 'lado esquerdo'. E como eu professo por desprezível ideologia de qualquer matiz (por entender que é nela que se abriga o fascista (de 'direita' e de 'esquerda'), nada me resta senão confessar aos patrulheiros da ordem universal que transgredi. E devo por isso, eu sei, aceitar o meu expurgo do reino dos bem-aventurados políticos desta terra que vive ao deus dará. Já não me interesso por nenhuma versão moderna de um incerto Cavaleiro da Esperança. E chega de rememorar colunas, prestes! Hoje, mais que nunca, quem realmente faz coluna, neste país gigante desgovernado por repugnantes anões, é qualquer um que escreva a 'Social' de qualquer tablóide.
Dorothy Parker... Blasfemava Dorothy, será, ao afirmar: "o dinheiro não pode comprar a saúde, mas eu me contentaria com uma cadeira de rodas cravejada de diamantes" !? Hein?! Diga lá você que está protegido em seu esconderijo de livre nomeação! Você mesmo, que tanto apregoa combater as oligarquias... Você já parou e refletiu na possibilidade oligárquica do seu governo de poucos contemplados e idéia alguma?!!
Pois eu me vendi, confesso. Houve quem quisesse me comprar pelo preço que eu pedi, muito mais, aliás, que o reivindicado nos estéreis discursos febris dos superados fabris comitês da "mais- valia". Não socializarei a incompetência de quem, eternamente "vítima", não se dispõe a trabalhar. O que faço é elaborar 'teoria' para a 'práxis' do meu "cliente" -mais ou menos como se faz em propaganda e marketing. Não sou megalomaníaco nem prepotente; muito pelo contrário, eu sempre me desfaço dessa onipotência tão comum nos indolentes, o que, certamente, me assegura o direito de permanecer acima da arrogância dos vulgares.
No varejo, eu me venderei tantas vezes quantas puderem me pagar, sem deixar de observar, habitualmente, que 'contradição' é 'máxima' na criatividade.
Da mesma maneira, no entanto, continuarei a confessar e confessar. Tantas confissões quantas vezes puderem pagar o meu preço.(Marcus Moreira Machado)
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