Na Lógica, é usual considerar as proposições como portadoras de um significado determinado, sem ambiguidade alguma, e, por consequência, como verdadeiras ou falsas, sem levar em conta aquele que fala nas circunstâncias em que fala. Encontram-se, na prática, atos eivados de discurso concretos, expressões individuais em circunstâncias específicas, das quais depende o próprio significado, tão frequentemente incerto que às alternativas da verdade ou falsidade falta efetiva aplicação.
Por si mesmas, as palavras nada significam, não obstante preteritamente fosse universal a crença de que elas encerravam uma indubitável significação. Mas somente quando são utilizadas por pessoa que faz do pensar o seu cotidiano é que elas representam alguma coisa, isto é, têm significado.
Perde-se no tempo o uso dos símbolos em auxílio ao processo do pensar e de registrar as realizações humanas; sempre, contudo, motivo de surpresa e ilusão. A raça humana foi tão impressionada pelas propriedades das palavras -enquanto instrumentos para o controle dos objetos correlacionados- que em qualquer época lhes atribuíram poderes ocultos.
A influência dessa herança cultural é dispersa, difusa a ponto de impregnar a linguagem muito intensamente. E é desse legado que o poder das palavras adquiriu a força mais conservadora já imaginada na civilização da humanidade. (Marcus Moreira Machado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário