A racionalidade que separa sujeito de objeto, corpo e alma, 'eu' e mundo, natureza e cultura, acaba por transformar as paixões, as emoções, os sentidos, a imaginação e a memória em inimigos do pensamento. Cabe ao sujeito, destituído de seus aspectos empíricos e individuais, ser o mestre e conhecedor da natureza; ele passa a dar ordens à natureza, que deve aceitar a sua anexação ao sujeito e falar sua linguagem -a linguagem da matemática e dos números. Só assim a natureza poderá ser conhecida, isto é, 'controlada', dominada; o que não significa ser 'compreendida' em suas dissonâncias em relação ao sujeito e nos acasos que ela torna manifestos. Os acasos da natureza são incontornáveis, porque constituem um obstáculo resistente ao exercício triunfante da razão controladora. A ciência, se domina a natureza, o faz extirpando, matematicamente, por meio de estatísticas, os acasos. Entretanto, isso não é o suficiente para controlar a vida em suas incoerências.(Marcus Moreira Machado)
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