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Determinadas coerções sobre o psíquico individual são feitas de maneira semelhante, no domínio psicológico e na intenção comum de uma unanimização. Assim, a confissão pública é prática observada comumente em muitas ordens religiosas, tanto quanto obrigatória em sociedades comunistas. Nos dois casos, a autocrítica sistemática é igualmente aplicada.
Uma mesma analogia é constatada na ação de cada indivíduo em relação à sua própria mentalidade. Os atos de humildade são exigidos nas ordens religiosas (pelo envio temporário do religioso ao nível mais baixo da ordem, tendo ele já atingido o ápice da hierarquia); e, também, nos sistemas comunistas, um chefe de seção é rebaixado regular e temporariamente aos graus mais inferiores da hierarquia social.
Um fosso separa os dois extremos, do ponto de vista da unanimização preservada: conventual, de um lado; comunista, de outro. No primeiro , o consentimento total das consciências e de todo o ser físico e moral é dado espontaneamente; no segundo, para a maioria dos membros, uma coerção policial extrema e impiedosa exige a imediata adoção da solução coletiva.
Na direção de uma autocrítica, como produto da censura da unanimidade, confirmam-se, todavia, em ambos os casos, os meios extremos que as coletividades severas e integrais exercem sobre seus sujeitos. A meta, sempre a mesma: alcançar e manter a coletivização psíquica total dos indivíduos e, consequentemente, a coletivização de toda a sua atividade econômico-social, em supressão do sujeito, substituído pelo objeto da pretensão.(Marcus Moreira Machado)
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