Salvação e libertação aparentam diferenças entre si, da mesma maneira como pecado e crime são entendidos diversamente. Também distinção é sugerida nas concepções de alma e espírito. Por isso, muito do que se ensina sobre 'um outro reino', além deste mundo que conhecemos, busca divulgar a crença de que o sofrimento da humanidade, ou o padecer dos miseráveis, dos marginalizados, são destinos jamais modificáveis. Nessa compreensão, pelo 'pecado' deveríamos esperar a 'salvação'; e pelo 'crime', a 'liberdade'. Por que?
O castigo e a punição seriam respostas necessárias a todo aquele que não se conforma?! Ou tais idéias servem para limitar indivíduos em suas aspirações!? Afinal, vocação maior do ser humano, a sua libertação é um processo integral, envolvendo-o em 'corpo', 'alma' e 'espírito'! E como precisa alimentar o corpo, igualmente necessitam de alimento a sua alma e o seu espírito.
É por acreditarmos na conjugação do homem, reunidas em tríade, suas três 'faces', unificadas as partes que o compõem, que professamos a sua efetiva participação política, individual e coletiva, na determinação do seus próprios destinos, rompendo com a falsa noção de predestinação à pobreza material, desvinculada da emancipação social. É por convicção na libertação do homem, através da mobilização do povo -em reconhecimento de que a "salvação implica a totalidade do mundo de Deus"-; é pela incontestável certeza de que "fomos criados exatamente para isso -para receber a vida de Deus em nosso espírito, viver essa vida e expressar o próprio Deus em nosso viver"; é ainda na identificação de que "totalidade não significa uma grandeza fechada em si mesma, mas uma relação da realidade que se funda em Deus como o sentido pleno e a radical plenitude de ser; é por tudo isso que propugnamos no homem a sua integridade, só conquistada mediante a perseverança de quem almeja um mundo melhor, neste plano que também é de Deus.(Marcus Moreira Machado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário