"Jamais jurar; nem pelo céu , pois este é trono de Deus; nem pela terra, pois nesta ele repousa os pés. Mas que se comunique com os outros -dizendo 'sim', 'sim'; 'não', 'não'. Pois o que a isto exceder provirá o mal". Assim disse Jesus aos seus discípulos, em clara referência de que enorme era o seu apreço ao Segundo Livro de Enoc -naquele tempo conhecido como "Livro dos Segredos de Enoc". Porque neste, eis que palavras muito semelhantes ao do Cristo se repetem: "Nenhuma jura faço, nem pelo céu nem pela terra (...) Se não existe verdade nos homens, que jurem pelas palavras -'sim', 'sim; ou então, 'não', 'não' ".
A certeza de Jesus de que Deus era o seu pai está presente naquilo que asseverou aos seus mais próximos seguidores, tal qual o fez Enoc. E, decorrência natural dessa convicção, Jesus proclamaria, adiante, "um novo dia", o do reinado de Deus sobre a terra. Por isso, orando, impressionado: "-Venha a nós o vosso reino". E ao rogar, o ungido, o Cristo, em verdade, já sabia presente este reino divino. Porém, não ignorava que a percepção desse reinado ocorreria gradualmente. Certo de que para cá viera missionário, a fim de, ensinando, agir em "prol de seu Pai", o Homem da Galiléia logo observara que nenhum grande amor pela humanidade seria consumado através da ira; razão pela qual em breve tempo passou a enxergar os homens todos como inocente crianças, a quem o melhor e didático exemplo seria o da paz mantida a qualquer preço, ainda que alto fosse o seu valor, mesmo que o pagamento culminasse na sua própria crucificação.
Da manjedoura à cruz, do nascimento à paixão, o que se vê é alguém vendo muito além de nós mesmos. É alguém de nome muito conhecido entre os judeus -'Jesus', 'Josué', no hebraico. É pessoa que, por acréscimo, fora chamado também 'Emanuel'; e não sem razão, pois algo mais que a divina presença, mas aquela que liberta e salva... qual outro sentiria dó, a piedade sentida por Jesus ao ser inquirido por seus companheiros sobre quem sentaria à direita e quem à esquerda dele, quando todos chegassem ao Reino ?!
Afinal, foi nessa compreensão que Jesus olhou e ouviu a tolice de palavras pronunciadas por gente que ainda por muito tempo prometeria em vão, vivendo num mundo onde, "crianças", gastariam séculos e séculos no aprendizado de elevada estatura moral e mental. E como todo mestre que crê, que verdadeiramente professa, JESUS CRISTO SE FAZ MENINO novamente, a cada ano, PARA QUE NÓS OUTROS, AS SUAS CRIANÇAS, NÃO ESQUEÇAMOS O QUE JÁ APRENDEMOS, e para que reiniciemos uma "novo período letivo", na lição diária do reino, que, por tão próximo, temos dificuldade em ver perto de nós.
(Marcus Moreira Machado)
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