Até muito recentemente, o ensino era colocado em segundo plano, em relação à aprendizagem nas concepções educacionais. Tanto o aluno quanto o processo de aprendizagem foram por demasiado tempo o alvo principal na atenção dos educadores. Ampla literatura surgiu acerca desse notório aspecto dos esforços na educação.
O processo de ensino foi observado como efeito do processo de aprendizagem. Afirmava-se que os alunos aprendiam por meio de recompensas ou outras modalidades de reforço. O professor, em resumo, seria o agente dessas recompensas e desses reforços.
À época, a estratégia de ensino era, em síntese, formulada somente como acréscimo à teoria de uma aprendizagem 'sustentada'.
Hoje, um dos iniciais obstáculos que encontramos na procura de uma teoria da instrução é o mesmo dilema que deixou em inércia teóricos do passado: o ensino seria mais arte do que ciência.
Se considerado como arte, o ensino deveria ser muito menos suscetível de generalizações práticas, contrariamente ao que se constata ainda agora.
É hábito pouco salutar este de classificar qualquer elemento supostamente 'difícil' como ciência, e, de outro lado, elementos pretensamente 'simples' como manifestações da arte. É conduta que tem permitido a introdução de práticas estranhas em um e noutra.
Nessa abordagem, a serviço da arte, professores relutam em mensurar qualquer coisa vinculada ao ensino; e a serviço da ciência, têm os cientistas feito diametralmente o contrário, isto é, querem medir tudo, até mesmo o irrelevante.
Essa separação entre arte e ciência pode ser dispensável, pois que elas não são antagônicas como se imagina. O mais considerável é enxergar todas as atividades humanas inseridas em processo contínuo, iniciando-se num nível não exigente de perícia e progredindo até a ciência até alcançar a arte.
Para que se possa classificar a própria docência enquanto ciência, faz-se imprescindível uma sólida base teórica como seu alicerce.
Este posicionamento só evidencia que muitos dos problemas em uma sala de aula (compreendidos pelos educadores como situações estritamente educacionais), têm todos os ingredientes dos problemas de comunicação.
Nesse contexto, como podem os professores esperar ensinar a um estudante enquanto não estejam estabelecidos os canais de comunicação? Porque, afinal, as diversas experiências, aptidões e interesses dos alunos exigem do professor, em contrapartida, um acervo também diversificado de formas de apresentação.
Os professores que concentram os seus esforços apenas na informação que transmitem, em aboluto desprezo aos meios pelos quais atuam, são, sim, prejudicados na eficiência da comunicação.
Mensagens e meios são inseparáveis. O conteúdo não pode ser dissociado do veículo que o transmite.
Comunicar o ensino integra, com efeito, o processo de aprendizagem.
(Marcus Moreira Machado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário