A elite dos países pobres, qualquer que seja sua ideologia ou política, sofre crescente pressão para mudar as regras de suas transações com as empresas multinacionais e transnacionais, pois se começa a perceber que sua própria sobrevivência política talvez dependa disso.
A incapacidade dos governos desses países para usar parte maior do capital de financiamento gerado pelas empresas em seus territórios, aplicando-a em obras de saneamento, avançada tecnologia agrícola, comunicações internas, habitação, educação e serviços médicos, agrava a falha fundamental do modelo de desenvolvimento dos administradores pelo mundo afora.
A maioria dos países em desenvolvimento aprendeu que o crescimento apenas não pode assegurar os objetivos primordiais e básicos da política econômica: pleno emprego, preços relativamente estáveis, distribuição equitativa da renda e, por fim, melhor qualidade de vida.
Tornou-se hábito considerar governos esquerdistas como antagonistas das empresas no mundo globalizado. No entanto, se entrevê que alguns dos regimes mais conservadores rumam para o nacionalismo, com o propósito de manter no país maior parcela dos lucros obtidos por essas empresas, disponibilizando-os futuramente para as suas necessidades mais prementes de desenvolvimento. Enfim, 'descobre-se' que não se compra a paz social taxando somente a produção estrangeira, especialmente em se tratando de empresários que adotam há anos práticas desonestas de drenagem de recursos. Todavia essa taxação isolada ainda se constitui em estratégia irresistível para regimes nacionalistas de todas as espécies.
Cada vez mais o problema de imagem da empresa globalizada torna a estratégia ainda mais fácil. Os administradores percebem sinais de perigo em países diversificados, diferentes entre si, desde a Arábia Saudita até Bolívia ou Venezuela; riscos sugestivos de que a globalização é hoje considerada pelos políticos de países pobres também um sócio útil.
O questionamento central, entretanto, é saber se esses países terão condições de cumprir metas dessa estratégia.
Ora, o precípuo elemento determinante do poder de barganha entre as empresas e os líderes políticos é o conhecimento técnico, já que as primeiras, historicamente, possuem a posse de informações, habilidades e técnicas de que não dispõem ainda os países governados por esses líderes.
Atualmente, mesmo assim, o que se vê é a vulnerabilidade das grandes potências como característica mais à superfície. Apenas recentemente se tem percebido que não obstante o domínio ainda extraordinário sobre a riqueza mundial, as grandes potências industriais começam a dar sinal de enfraquecimento. Os E.U.A., o Japão e a Rússia são claros exemplos disso.
Tais fatos significam que cada vez mais os ricos precisarão tanto dos pobres -se não até mais!- quanto os pobres deles têm precisado. Infere-se, trata-se de uma nova fase nas relações mundiais de poder.
Durante o imperialismo, a exploração das colônias foi uma conveniência para as poderosas nações européias, ainda que enorme fosse a dificuldade dos críticos marxistas na demonstração dessa necessidade. Contemporaneamente, sob a característica da concorrência acirrada entre as potências industriais, em busca de escassos recursos, o mundo subdesenvolvido adquire qualidade semelhante àquela crucial importância no planejamento industrial global, sugerido precocemente por Lênin.
Se mais fosse necessário para provar a vulnerabilidade da riqueza dessas potências mundiais, bastaria notar o espetacular aumento de bens manufaturados que os países industrializados estão agora importando das nações subdesenvolvidas.
A mudança das relações de poder é auxiliada pela compreensão de que as potências mundiais não podem recorrer ao poder militar para conseguirem o que necessitam, sem pagar alto preço por isso, a exemplo do conflito desencadeado pelos Estados Unidos no Iraque.
(Marcus Moreira Machado)
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Universo Literário na internet é tema de mesa redonda na Aliança Francesa
O professor da Faculdade de Comunicação e especialista em Cibercultura, Marcos Palácios, participará de uma mesa redonda para falar sobre O Universo Literário na Internet. Com pesquisas sobre a concepção de se fazer uma literatura on line e a possibilidade de interartividade com os leitores/internautas, a palestra de Palácios será realizada amanhã (23/10), às 19h, na Aliança Francesa da Bahia, Ladeira da Barra. Para falar sobre literatura e blogs, a mesa também será composta pela professora do mestrado em Letras e coordenadora do Projeto Núcleo de Estudos da Crítica (Pronec), Raquel Lima, que falará sobre a reconfiguração da crítica literária na era dos blogs. A participação dos blogueiros Gustavo Rios, Wladimir Cazé, Sandro Ornelas e Adelice Souza estão confirmadas com o objetivo de dar prosseguimento às discussões da mesa e trocar idéias sobre o assunto. Para participar não é necessário fazer inscrições, pois o evento é gratuito e aberto ao público.
SAIBA MAIS SOBRE A SEMANA LITERÁRIA NA ALIANÇA FRANCESA:
Lire em Fête – Semana Literária na Aliança Francesa
Aproveitando as comemorações da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, a Aliança Francesa de Salvador organiza, pelo segundo ano consecutivo, o Lire en Fête ou, a “Festa da Leitura”. A programação da semana literária inclui uma feira de livros usados em francês, entre os dias 18 e 24 de outubro (exceto domingo); e uma mesa-redonda que discutirá a produção, a crítica e a contextualização de conteúdos literários na Internet. Na feira, os amantes das letras terão a oportunidade de adquirir livros franceses, desde romances, poesias, ciências sociais, até livros infantis.
Também ocorrerá, no dia 24 de outubro, uma leitura dramática de O Burgês Fidalgo, clássico de Molière, pela Trupe de Teatro da Aliança, sob a direção de Isabela Silveira e Lucas Valentim.
Confira a programação:
18 a 24.10 (exceto domingo) - Feira de Livros,
23.10 – Mesa Redonda “O Universo Literário na Internet”, 19h
24.10 - Leitura dramática de O Burgês Fidalgo, 20h
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